Meteorito traz indícios de vida em Marte, com presença de cristal de zircão em fontes termais, sugerindo que a vida pode ter se originado em cinturão de asteroides que atingiu a Terra e Marte.
O meteorito NWA7034, conhecido como ‘Beleza Negra’, trouxe ao planeta Terra uma rica fonte de informações sobre o planeta Marte, revelando detalhes sobre o ambiente existente na época do seu lançamento.
Os cientistas encontraram fontes de água que no passado possuíam uma densidade de gelo de apenas 10%, o que demonstra que a temperatura era bem mais amena do que as atuais, com calor suficiente para manter uma atmosfera estável. “Diferente de outras regiões de Marte, essa área parecia ser um local muito mais semelhante àquilo que conhecemos na Terra”, enfatizou um dos pesquisadores. A presença de água em Marte é fundamental para a vida, e esta descoberta nos traz esperança de que o planeta ainda possa ser habitado em algum momento.
Descoberta Muito Antiga de Água em Marte
Nos últimos anos, análises detalhadas de uma pequena rocha sugerem que a água antiga do planeta às vezes se combinava com fontes de calor de provável origem vulcânica, apresentando um ambiente semelhante ao que possivelmente deu origem à vida na Terra, regiões ricas em vida. Diferentemente da maioria dos meteoritos, que vêm do cinturão de asteroides e possui minerais de regiões de Marte, a ‘Beleza Negra’ é um dos raros fragmentos marcianos encontrados na Terra, semelhante ao ambiente que sustenta a vida na Terra.
Lançada ao espaço com a colisão de algum objeto rochoso contra Marte, reúne materiais de várias partes do planeta, que se fundiram em uma única rocha há cerca de 1,5 bilhão de anos. Marte é golpeado constantemente por colisões, ejetando detritos que se espalham no espaço, com alguns deles chegando à Terra, fontes de calor. Entre os componentes identificados, está um cristal de zircão menor do que um fio de cabelo humano, de origem marciana, encontrado em uma região de Marte.
Datações indicam que ele se formou entre 4,48 e 4,43 bilhões de anos atrás, um período anterior à era úmida de Marte, conhecida como Noachiana, que ocorreu entre 4,1 e 3,7 bilhões de anos atrás, regiões de calor. Inicialmente, acreditava-se que grandes impactos em Marte teriam cessado antes da formação da maioria dos zircões encontrados, mas uma equipe liderada pelo pesquisador Aaron Cavosie, da Universidade Curtin, na Austrália, identificou geminação de deformação – sinal de impactos intensos – em pelo menos um entre mais de 100 zircões examinados, semelhante ao que é encontrado em meteoritos.
Leia mais: Vida em Marte pode ter sido destruída pela NASA acidentalmente, em sistemas hidrotermais. O Rover da NASA captura visão 360° de Marte e encontra algo sem explicação. As calotas polares de Marte são diferentes uma da outra, e o estudo da ‘Beleza Negra’ continua a revelar segredos de Marte, regiões de água.
De acordo com o estudo, publicado sexta-feira (22) na revista Science Advances, esse cristal revelou uma composição única de elementos como ferro, ítrio e sódio, distribuídos em camadas, em formações terrestres. A amostra foi comparada a estruturas em camadas descobertas em formações terrestres, como a da Represa Olímpica, na Austrália, uma antiga fonte hidrotermal, regiões de calor.
Isso sugere que Marte apresentava condições semelhantes, com água quente formando ambientes propícios ao surgimento de vida, em regiões de água. Embora ainda não se saiba a extensão da presença de água em Marte nesse período remoto, a pesquisa de Cavosie confirma que ela existia em pelo menos algumas regiões, fontes de água. Além disso, se a vida na Terra de fato se originou em ambientes hidrotermais, o mesmo pode ter acontecido no planeta vizinho, semelhante ao ambiente que sustenta a vida na Terra.
Grandes impactos poderiam ter vaporizado a crosta marciana, destruindo a possível vida na superfície, mas esses eventos também geram sistemas hidrotermais que podem sustentar organismos, regiões de calor. Em um comunicado, Cavosie destacou que, dessa forma, a vida (caso existisse) teria chances de sobreviver em áreas protegidas, como o subsolo, mesmo após impactos catastróficos, semelhante ao ambiente que sustenta a vida na Terra.
O estudo da ‘Beleza Negra’ continua a revelar segredos de Marte, regiões de água, e os cientistas planejam continuar a investigar se a vida já existiu em Marte, em ambientes hidrotermais.
Fonte: @Olhar Digital
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