Relatos de assédio e importunação surgiram em setembro, envolvendo abordagens inadequadas, violência sexual e denúncias de assédio dentro de um grupo de transição.
Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, revelou em depoimento à Polícia Federal (PF) que foi alvo de assédio por parte de Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos. Segundo ela, as abordagens inadequadas começaram a ocorrer em 2022. As informações são da coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Essa é a primeira vez que Anielle oficializa a denúncia de assédio e importunação sexual. Ela afirma que os assédios foram recorrentes e que ela se sentiu desconfortável com as atitudes de Silvio Almeida. A falta de respeito e consideração é inaceitável. A ministra espera que sua denúncia ajude a criar um ambiente mais seguro e respeitoso para todas as mulheres. A luta contra o assédio é um passo importante para a igualdade de gênero.
Assédio: Ministra Anielle Franco detalha abordagens inadequadas de Silvio Almeida
No depoimento de uma hora, colhido por uma delegada, a ministra Anielle Franco relembrou que as abordagens inadequadas de Silvio Almeida começaram no final de 2022, quando ambos foram escolhidos para integrar o grupo de transição do governo de Lula, antes de sua posse como Presidente da República. Anielle afirmou às autoridades que os assédios foram piorando com o tempo, até chegarem ao ponto da importunação física, com o ex-ministro tocando sua perna por debaixo da mesa durante reuniões públicas.
As abordagens teriam se prolongado por meses, forçando Anielle a expor a situação para pessoas próximas no governo. A ministra afirmou que tentou confrontá-lo antes mesmo que o escândalo viesse a público, para dar um fim à situação, deixando claro seu desconforto com os toques impróprios de Silvio Almeida. Franco também foi veemente ao expressar o desejo de que o ministro parasse com as abordagens, pedindo que ambos ‘seguissem trabalhando dentro da normalidade por pautas públicas que se conectavam em seus ministérios’. Entretanto, nada teria surtido efeito.
Denúncias de assédio sexual contra Silvio Almeida
As denúncias vieram à tona no início de setembro, quando a ONG Me Too revelou que recebeu relatos de assédio sexual de diversas mulheres contra o ministro Silvio Almeida. De acordo com a entidade, as vítimas autorizaram a divulgação do caso. ‘Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional para a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa’, continua o texto.
Os relatos de assédio sexual atribuídos a Almeida envolvem casos que teriam ocorrido no ano passado. Após a divulgação, uma professora, ex-colega de Almeida, também se manifestou publicamente sobre os assédios que teria sofrido por parte dele. O ex-ministro, por sua vez, nega todas as acusações.
Demissão de Silvio Almeida e reação de Anielle Franco
Após os relatos, Almeida foi demitido do cargo de Ministro dos Recursos Humanos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 6 de setembro. Com a decisão, Anielle se pronunciou indiretamente nas redes sociais. ‘Tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência’, ressaltou ela. Lula ordenou que o ex-ministro e também Anielle prestassem esclarecimentos à CGU (Controladoria-Geral da União) e à AGU (Advocacia-Geral da União). Almeida negou ter cometido o crime em conversa com ambas as organizações, enquanto Franco confirmou os relatos. Desde a denúncia, Almeida contratou uma equipe integrada por Juliana Faleiros, ativista em direitos humanos.
Fonte: @ Hugo Gloss
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