Tomada de crédito, como empréstimos, é a opção mais usada para pagar dívidas, especialmente entre as classes C, D e E, com renda de parte da população.
No Brasil, em 2024, as apostas eletrônicas se tornaram uma realidade alarmante, afetando mais de 40% da população vulnerável, que direciona parte de sua renda para essas atividades.
Essa tendência é preocupante, pois as apostas podem levar a um ciclo vicioso de perda financeira e dependência. Além disso, os jogos de azar e as bets online podem ser particularmente perigosos, pois oferecem uma sensação de facilidade e acessibilidade que pode levar a decisões impulsivas e arriscadas. A conscientização sobre os riscos é fundamental para evitar que mais pessoas sejam afetadas por essas práticas.
Apostas: um problema crescente nas classes C, D e E
Um estudo realizado pela Plano CDE, especializada em avaliações de impacto nas famílias que compõem as classes C, D e E, revelou que as apostas são uma das principais opções utilizadas pelos brasileiros de baixa renda para obter dinheiro rapidamente. De acordo com o diretor-executivo da instituição, Maurício Prado, as apostas aparecem em segundo lugar no estudo que leva em conta o comportamento de risco adotado pelos brasileiros que precisam de dinheiro com urgência. A tomada de crédito, em destaque os empréstimos, é a opção mais utilizada para o pagamento de dívidas.
O consumo impulsivo por parte dos brasileiros mais vulneráveis é um dos principais fatores que contribuem para o aumento das apostas. Eles tendem a evitar sair de casa devido ao alto custo e se entretêm com televisão e celular, onde as casas de apostas estão presentes em todos os lugares. Isso parece ser uma solução fácil para pagar dívidas, mas acaba se tornando uma bola de neve, segundo Prado. Além disso, a criação de novas empresas e emergências também são motivos para o endividamento dessa parcela da população.
O governo e as instituições começam a entender a magnitude do problema
Para Prado, o governo e as instituições estão começando a entender a magnitude do problema das apostas apenas agora. ‘Quando se precisa de dinheiro rápido, não existe essa história de organização financeira, pensar no próximo ano. Eles querem saber da próxima semana, do dia seguinte. É preciso, antes de tudo, entender o fluxo desse dinheiro’, explica. Segundo dados divulgados pelo Banco Central, os beneficiários do Bolsa Família gastaram cerca de R$ 3 bilhões em bets via Pix só no mês de agosto. O gasto médio ficou em R$ 100. Dos 5 milhões de apostadores, 70% são chefes de família.
A regulação como primeiro passo para frear os números
‘Temos que ter cuidado para não sermos paternalistas, nem julgarmos essas pessoas. Elas têm mais contas para pagar do que dinheiro, então é uma grande pressão. As dívidas podem trazer mais dívidas, fazem isso por desespero. Por isso acredito na regulação como primeiro grande passo para frear esses números’, afirma Prado. O evento que apresentou esses dados é parte da 3º e última plenária da Parceria Global para Inclusão Financeira (Global Partnership for Financial Inclusion – GPFI), que acontece de 25 a 27 de setembro no Rio. O GPFI é um fórum do G20 para troca de experiências entre países e organismos internacionais para melhorar o acesso da população mundial a serviços financeiros.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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