Luis Lomenha, autor da série da Netflix, revela como o fato brutal de um assassinato isolado interrompeu os sonhos de um jovem em um mundo atemporal, onde a democratização do acesso a informações levou a uma verdade surpreendente no processo criativo da atração.
‘Os Quatro da Candelária’ não é sobre o assassinato brutal de 8 jovens e crianças no centro do Rio de Janeiro em 23 de julho de 1993. A minissérie da Netflix se concentra na ferida aberta da sociedade brasileira, revelando as profundas consequências do assassinato para o país.
Com uma abordagem mais profunda e complexa, a série explora o impacto do assassinato na psique das vítimas, bem como na sociedade em geral. Ao invés de se concentrar apenas no homicídio em si, a minissérie também aborda a chacina de jovens e crianças que dormiam nas escadarias da Igreja da Candelária, desafiando os espectadores a refletir sobre a natureza do crime e o que significa ser brasileiro em um país marcado por violência.
Assassinato, uma Onda de Chocante Brutalidade
A série ‘Os Quatro da Candelária’, criada por Luis Lomenha e dirigida por ele ao lado de Márcia Faria, não se concentra no crime em si, mas sim nos sonhos interrompidos, tanto de forma literal quanto figurada. Essa abordagem busca explorar a universalidade do tema, tornando-o atemporal. Nesse contexto, elementos que parecem deslocados no tempo, como a Pira Olímpica, carros modernos e letreiros luminosos, são usados para enfatizar a ideia de que o assassinato não é um fato isolado, como afirma Lomenha. A intenção é brincar com a fantasia, mostrando que o evento bárbaro poderia ocorrer hoje, destacando a atemporalidade do problema. Esse tipo de abordagem permite refletir sobre a persistência do crime, tornando-o um tema relevante e contemporâneo.
Uma Chacina que Continua Acontecendo
A série ‘Os Quatro da Candelária’ representa um esforço para dar voz aos setores menos visíveis da sociedade. Como mencionado por Lomenha, a arte desempenha um papel importante na democratização do acesso a melhores condições. A história, que retrata a chacina de 1993, busca transmitir a mensagem de que os sonhos das crianças que viveram esse evento foram interrompidos. A abordagem da série, longe de ser um ‘true crime’, busca uma reflexão mais humana e profunda sobre o assunto, destacando a necessidade de combater a brutalidade do crime.
Um Caminho para a Democratização do Acesso
Luis Lomenha, diretor da série, tem uma longa carreira que o levou a trabalhar em projetos diversos, desde documentários até filmes e seriados. Além disso, ele fundou a instituição social Cinema Nosso, que é considerada uma das maiores da América Latina. A ideia de Cinema Nosso surgiu quando Lomenha e amigos encontraram um grupo de crianças de ‘Cidade de Deus’ e decidiram criar uma escola de cinema acessível para jovens periféricos. A partir disso, a instituição se expandiu e se tornou um espaço importante para a democratização do acesso ao cinema. A abordagem de Lomenha em ‘Os Quatro da Candelária’ reflete essa preocupação com a igualdade de oportunidades e a importância do cinema em promover a compreensão e a reflexão sobre os problemas sociais.
Fonte: @ Terra
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