Células-tronco injetáveis em tecido humano artificial simulam doenças de pele de maneira mais precisa, podendo substituir animais em estudos de cosméticos e medicamentos, apesar de ainda depender da tecnologia de impressão 3D
Em uma importante inovação no campo da medicina e da tecnologia, um grupo de pesquisadores brasileiros criou um modelo de pele artificial capaz de se assemelhar de forma cada vez mais próxima à pele humana.
Com o auxílio da impressão tridimensional (3D), eles desenvolveram um protótipo que não apenas reproduz as características da pele como também simula suas propriedades. Este avanço promete revolucionar o campo da cirurgia plástica e da dermatologia, oferecendo soluções inovadoras para lesões, cicatrizes e até mesmo para a criação de protótipos para testes.
Modelo de pele artificial impulsiona avanços em biotecnologia
Uma equipe de pesquisadores desenvolveu um modelo de pele completa, com três camadas, utilizando células-tronco e primárias a partir de tecidos humanos. Este modelo, conhecido como Human Skin Equivalent with Hypodermis (HSEH), pode ser utilizado em estudos para o tratamento de doenças e lesões, como feridas e queimaduras. Além disso, o modelo pode ser utilizado no desenvolvimento de medicamentos e cosméticos, eliminando a necessidade de testes em animais. O processo de produção do material foi descrito na revista Communications Biology por cientistas do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), integrante do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). O trabalho foi apresentado durante a Fapesp Week Spain, em Madri, com o objetivo de fortalecer os vínculos entre pesquisadores do estado de São Paulo e do país europeu para promover parcerias de pesquisas.
Equivalente de pele com hipoderme
O modelo de pele desenvolvido é composto por três camadas: a epiderme, a derme e a hipoderme. A hipoderme, a camada mais profunda da pele, exerce um papel fundamental na regulação de processos biológicos importantes, como a hidratação e a diferenciação celular. A equipe de pesquisadores empregou técnicas de engenharia de tecidos para aprimorar a tecnologia e conseguir construir um equivalente de pele humana com a hipoderme. Isso permite criar um ambiente mais próximo do tecido humano real, permitindo a adesão, proliferação e diferenciação celular mais eficientes.
Maior precisão em estudos e desenvolvimento
O modelo de pele 3D com a camada de hipoderme fornece uma plataforma in vitro mais precisa para a modelagem de doenças e estudos toxicológicos. Os resultados dos ensaios realizados mostram que a hipoderme é indispensável para modular a expressão de uma ampla gama de genes vitais para a funcionalidade da pele, como os relacionados à proteção e à regeneração do tecido.
Desenvolvimento de tratamentos para doenças de pele
O modelo de pele pode ser utilizado para o tratamento de doenças de pele, como a diabética, que afeta cerca de 100 milhões de pessoas em todo o mundo. A equipe de pesquisadores empregou bioimpressão 3D para construir um modelo de pele baseado em colágeno, que serve de matriz para a interação das células. Isso pode permitir o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para doenças de pele.
Parcerias e financiamento
O Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) produzirá o modelo de pele 3D com a camada de hipoderme, e a equipe de pesquisadores está trabalhando em parceria com instituições europeias para desenvolver novos tratamentos para doenças de pele. O financiamento para o projeto foi fornecido pela Fapesp, com o apoio da Fundação para a Pesquisa Científica e a Tecnológica do Estado de São Paulo.
Fonte: @ Veja Abril
Comentários sobre este artigo