Sequência com Lady Gaga apática e musical avergonhado, é uma resposta ácida ao sucesso do filme de 2019, explorando efeitos da marginalização, questionando o livre-arbítrio e o sistema vigente, em uma ala de segurança que desafia o senso de idealismo e a arte da obra.
O Coringa: um personagem complexo e multifacetado. Quando Joaquin Phoenix se transformou no Coringa em 2019, o mundo assistiu a uma obra-prima que explorou os efeitos devastadores da marginalização e do isolamento social. A figura de Arthur Fleck, interpretada por Phoenix, é um exemplo perfeito de como a sociedade pode criar seus próprios monstros.
No entanto, o Coringa é mais do que apenas um vilão ou um antagonista. Ele é um reflexo da nossa própria sociedade, um espelho que nos mostra as consequências de nossas ações e decisões. A personagem de Arthur Fleck é um exemplo de como a falta de empatia e compreensão pode levar a uma pessoa a se sentir desconectada da realidade. O Coringa é um personagem que nos faz questionar sobre a natureza da humanidade e sobre como podemos criar um mundo mais justo e compassivo.
O Coringa: Um Vilão em Busca de Identidade
A discussão sobre a sociedade ser responsável por criar seus próprios monstros é um tema recorrente, mas também perigoso, pois ignora a existência do livre-arbítrio. Cinco anos após o sucesso do primeiro filme, Todd Phillips decide abordar o tema de forma diferente. A intenção é boa, mas o resultado é questionável.
O filme ‘Coringa: Delírio a Dois’ começa jogando fora qualquer promessa de heroísmo que o primeiro filme havia estabelecido. Em vez disso, encontramos o Coringa, agora um homem fraco e desanimado, preso na ala de segurança máxima do Arkham, a penitenciária de Gotham que mantém os criminosos mais perigosos longe da sociedade.
O Coringa, que antes era um símbolo de revolta e revolução, agora é um homem sensibilizado e exausto, que rechaça qualquer ideia de ser um símbolo de mudança. Isso é um reflexo do gosto amargo que o diretor Todd Phillips sentiu com o sucesso do primeiro filme, que foi catapultado pelo público ao senso de idealismo, em vez de ser uma crítica à sociedade.
O filme tenta discutir se é possível separar o Arthur Fleck do Coringa, ou se o artista pode ser separado da obra. No entanto, essa discussão não é resolvida de forma clara, deixando o espectador com mais perguntas do que respostas.
A Arlequina, interpretada por Lady Gaga, surge como uma figura fascinada pelo potencial de destruição do Coringa, alimentando nele o desejo de transcender e criar um show. Ela é o olhar do público com uma voz dentro da história, e seu personagem é uma crítica à sociedade que cria seus próprios monstros.
O Coringa: Um Filme sem Foco
‘Coringa: Delírio a Dois’ é um filme que peca pela falta de foco e pelo exagero. É um musical chato e repetitivo, que se envergonha da própria ideia de um filme musical, e também é um drama de tribunal verborrágico e didático. Em vez de provocar um debate, o filme entrega a síntese dialética pronta, após passar uma hora cambaleando antes de decidir qual rumo seguir.
É doloroso ver o resultado frustrante de ‘Coringa 2’, considerando o potencial da história que o filme propõe. Há uma ótima ideia ali de jogar na cara do espectador que é de bom-tom que a sociedade é responsável por criar seus próprios monstros, mas o filme não consegue explorar essa ideia de forma eficaz.
O Coringa é um personagem complexo e fascinante, e seu papel como antagonista é fundamental para a história. No entanto, o filme não consegue explorar sua complexidade de forma adequada, e o resultado é um filme que é mais confuso do que provocante.
Fonte: @ Terra
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