Elementos vaza jato indicam ilegalidades similares às da lava jato por autoridades brasileiras com grupos Prerrogativas e diálogos que criaram processo-paralelo.
O escândalo da ‘lava jato’ não se limitou às fronteiras do Brasil. Outros países, como o Peru, foram igualmente afetados por práticas ilegais similares.
Por meio do vazamento conhecido como vaza-jato, descobriu-se que corredores do poder no Peru praticavam ilegalidades semelhantes às que foram descobertas no âmbito da operação ‘lava jato’ no Brasil.
Conflitos de Interesses: Lava-Jato e Vaza-Jato Revelam Abusos de Poder
O processo paralelo peruano à Lava-Jato brasileira revela uma rede de abusos de poder que envolveu a cooperação internacional entre autoridades brasileiras e peruanas. Essa colaboração ilícita foi alimentada por diálogos da Vaza-Jato que mostram como procuradores brasileiros utilizavam informações obtidas irregularmente na Suíça para apoiar investigações no Peru. O coordenador do grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, afirma que esses materiais foram obtidos com o procurador suíço Stefan Lenz e usados para embasar investigações e pedidos de prisões temporárias e preventivas. A entidade entregou diálogos da Vaza-Jato aos jornalistas peruanos, que mostram como Vladimir Aras, responsável pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional, órgão do Ministério da Justiça, alertou Deltan sobre a ilegalidade desse procedimento. Deltan Dallagnol respondeu com naturalidade, dizendo: ‘Concordo. Não usaria para prova em denúncia, regra geral. Vamos usar para cautelar’. Ao que Vladimir Aras rebate: ‘Não dá para esperar chegar [pelo canal oficial]? Prudente como uma pomba; esperto como uma serpente’. Esses diálogos demonstram que Deltan sabia que agia às margens da lei. Há ainda outros diálogos entre Dallagnol e o ex-Juiz Sérgio Moro que demonstram que o então magistrado também conhecia essas ilegalidades na obtenção das provas.
A relação espúria e clandestina entre membros da Lava-Jato e autoridades peruanas se estendeu ainda mais, com os mesmos membros enviando delegações ao Brasil para obter informações por fora dos canais oficiais desde 2015. Essas visitas envolviam jantares pagos pelas autoridades brasileiras, segundo as conversas via aplicativo de mensagens Telegram. O Procurador-Geral do Peru chegou a pedir aos procuradores brasileiros que não respondessem a um pedido de informações encaminhado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada no Congresso do país estrangeiro. E esse pedido foi acatado. Revela-se, portanto, um ecossistema em que os membros Lava-Jato recebiam ilicitamente informações secretas de Stefan Lenz, então Procurador suíço, e retroalimentavam outros países, como o Peru. Chama atenção o fato de as mesmas autoridades peruanas terem contratado Stefan Lenz como consultor, exatamente para buscar fugir das ilegalidades que levaram à anulação do conjunto probatório.
Fonte: © Conjur
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