Ela compartilha seu conhecimento sobre longevidade a partir de um estudo nacional, abordando temas como a hepatite, Covid, leite-de-cabra e também discute como viver uma vida mais natural, evitando doenças como a coqueluche.
A disciplina da alimentação na infância de Abelardo Luz, por volta de 1924, era bem diversa da atual. Nesse período, as opções para bebês eram mais limitadas, e a disciplina na criação era rigorosa. Meu pai, em busca de uma solução para a dificuldade de amamentação de minha mãe, optou por me dar leite de cabra como substituto, o que se tornou uma rotina para longo tempo. A comida para o meu desenvolvimento era básica, mas a _nutrição_ era priorizada.
Esse período de infância também me ensinou a valorizar a saúde. A disciplina na alimentação que recebi na época me permitiu desenvolver um sistema digestivo forte, que me permitiu absorver nutrientes de maneira eficiente. A presença de frutas em minha dieta era frequente, o que me ajudou a construir uma resistência natural contra doenças. O equilíbrio na alimentação me permitiu evitar muitos dos problemas de saúde que afligem os indivíduos que não cuidam da sua saúde. Com o tempo, eu descobri que, ao evitar substâncias nocivas, como o remédio, que eu utilizo apenas quando necessário, eu podia manter uma saúde ótima.
Uma Vida de Disciplina e Moderação
A rotina diária era pautada pela moderação, uma lição aprendida desde a infância. Nunca se devia comer demais, mas tampouco se devia deixar de comer. A chave estava em morder bem e devagar, com o corpo como guia para saber quando era o suficiente. Meu pai, químico de formação, conheceu minha mãe na Alemanha em 1918, e logo após se casaram, partindo para o Brasil. Foram 21 dias de viagem no navio até chegar a Santos, um momento marcante na sua vida. Meu pai viveu até os 82 anos, e minha mãe, 87. Sua longevidade era um testemunho da importância da disciplina na vida.
Ao longo da minha vida, enfrentei muitas doenças, incluindo sarampo, coqueluche, escarlatina, rubéola, varíola, hepatite. Mas, apesar de tudo, consegui dar à luz quatro filhos sem sentir enjoo durante a gravidez. Em 1987, sofrer um acidente de carro levou a uma fratura nas duas pernas, além de quebrar a mão e a bacia. E, para piorar, vivi há 67 anos sem a vesícula. E ainda tive covid duas vezes. Uma vida de disciplina e moderação era a minha bandeira. Eu não tomava nenhum remédio, embora seja um sacrifício quando preciso. Não tenho diabetes, pressão alta ou outra doença. Sigo a minha autodisciplina e evito qualquer coisa que não me faça bem. Meu pai sempre falava: ‘Obedeça seu corpo. É ele que diz se você está ou não bem de saúde’. Puxei a linha do meu avô e cuidei de um restaurante, onde cozinhei até 1998. Era um trabalho exigente, mas eu não comia frituras, porque não me fazem bem. Mas eu bebia. Fui educada para me respeitar da mesma forma como devemos respeitar os outros, e não vou em conversa de ninguém. Tenho meu estilo de pensamento e meu sistema. A disciplina, claro, é a minha força. Todas as manhãs, como mamão e tomo café com leite — nada de manteiga, gordura ou geleia. À noite, só comida leve. E não guardo mágoas. Tive muitos amigos, e eles sempre estiveram por perto. Aprendi que, se alguém ofende você, não vale responder na hora. Vai dormir uma noite e se, no dia seguinte, continuar com vontade de falar, reaja. O que eu amo muito são os animais, principalmente cachorro, cavalo e coelho. Sou protestante luterana e temos ensinamentos que sigo até hoje. Rezo sempre para que Deus me guie e que eu não saia dos eixos. Perdi a visão por causa do glaucoma e, agora que não enxergo, até acho que tenho mais foco. Antes eu ficava olhando para lá e para cá, porque eu penso o tempo todo. Penso no passado, mas também quero ouvir as notícias e adoro saber as contas que temos de pagar. Mas o mundo está realmente diferente. Pode falar palavrão? Para mim, essa falta de amor-próprio, respeito e educação entre as pessoas é um horror. Acho que virei peça de museu (risos). Mas agora estão fazendo esse estudo sobre os idosos com mais de 100 anos, e a Rose, minha prima, está envolvida nessa investigação.
Fonte: @ Veja Abril
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