Futuro presidente do BC discute taxa de juros, de curto e longo prazo, em países emergentes latino-americanos, impactando impostos de importação, custo de mão de obra e arquitetura financeira global.
As mudanças políticas nos Estados Unidos, como a eleição de Donald Trump, podem ter consequências significativas para o mercado financeiro, incluindo uma eventual alteração nas taxas de juros. Isso, por sua vez, pode afetar os países em desenvolvimento, como os latino-americanos e os africanos, que poderão se ver sobrecarregados com o pagamento de juros.
Aumentos nas taxas de juros podem ser um problema para muitos países, pois esses aumentos podem ser associados a uma eventual diminuição na capacidade de importação de bens e serviços, devido aos impostos de importação. Além disso, as empresas que dependem de uma mão-de-obra barata podem se ver forçadas a aumentar seus custos de mão-de-obra, o que pode afetar negativamente a competitividade de seus produtos em relação a outros países. Com taxas de juros mais altas, pode haver uma diminuição na demanda por bens e serviços, o que pode resultar em uma diminuição na produção e, por consequência, em uma taxa de desemprego maior.
Impactos do Trump-trade nas taxas de juros
O mercado financeiro está em uma situação de incerteza, com a vitória de Donald Trump nas eleições americanas gerando uma onda de mudanças nas perspectivas de investimento. A ideia de que Trump vai combater a imigração e aumentar as tarifas de importação está provocando uma elevação das taxas de juros, tanto de curto quanto de longo prazo, explica o diretor do Banco Central, João Galípolo. Isso se deve à expectativa de um aumento no custo de mão de obra nos Estados Unidos, o que, por sua vez, pode impactar negativamente os países emergentes e de baixa renda.
Aumento das taxas de juros e seus impactos
Galípolo lembra que, antes da vitória de Trump, o mercado esperava seis cortes da taxa de juros norte-americana pelo Fed, o Banco Central dos Estados Unidos. Agora, está se imaginando um ou dois cortes. Isso significa que a taxa de juros americana está subindo, o que provoca um custo financeiro mais alto para todos os países. Esse aumento nas taxas de juros americanas está penalizando os países emergentes e de baixa renda, em especial os países latino-americanos e africanos.
Efeitos do Trump-trade nas economias emergentes
O diretor do BC também destaca que os impactos climáticos estão impedindo os países emergentes de terem produtos que permitam a eles ter uma balança comercial mais favorável, o que penaliza ainda mais essas nações num cenário de juros altos no mundo. ‘O arranjo financeiro [atual] está penalizando países que historicamente já foram penalizados’, finaliza Galípolo. Isso é um alerta importante para os países que dependem do comércio exterior e que estão tentando se desenvolver economicamente.
A grande bifurcação sobre a arquitetura financeira global
Antes da apresentação de Galípolo, o mundo estava diante de uma grande bifurcação sobre a arquitetura financeira global. Alguns líderes mundiais querem rever a globalização, enquanto outros, como o Brasil, querem inserir as dimensões de justiça social e sustentabilidade na globalização. ‘O mundo se encontra em uma grande bifurcação sobre a arquitetura financeira global, com muitos líderes querendo desglobalizar, e, numa outra vertente, que o Brasil vem defendendo, é inserir critérios de gestão, social e ambiental, na globalização’, afirma Galípolo. Isso é um desafio importante para os países que querem se desenvolver economicamente e socialmente.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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