Filme inspirado nas cartas de Einstein e Freud, discutindo origens de guerras e formas de evitá-las, abordando a Liga das Nações e a indústria armamentista.
VENEZA — A guerra é um fenômeno complexo e multifacetado que desafia a compreensão humana. Foi essa pergunta que levou Albert Einstein (1879-1955) a se corresponder com Sigmund Freud (1856-1939), há mais de 90 anos, quando o mundo assistia à ascensão do nazismo, o que infalivelmente levou à Segunda Guerra Mundial. A guerra é um tema que continua a intrigar e aterrorizar as pessoas até hoje.
A correspondência entre Einstein e Freud foi um esforço para entender as raízes da guerra e encontrar uma solução para evitar futuros conflitos. No entanto, a história mostrou que a tragédia da guerra é um ciclo difícil de quebrar. A ameaça da guerra continua a pairar sobre a humanidade, e é fundamental que continuemos a buscar soluções para evitar que ela se repita. A paz é um direito humano fundamental e é nossa responsabilidade trabalhar para alcançá-la.
A Origem da Guerra
Em 1931, a Liga das Nações convidou o gênio da física, Albert Einstein, para discutir ideias com outro pensador renomado. Einstein escolheu Sigmund Freud, o pai da psicanálise, para explorar a possibilidade de evitar outra tragédia como a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) na Europa. A ideia era entender se Freud, como estudioso da psique, poderia encontrar uma maneira de livrar a humanidade da ameaça da Guerra. Embora Freud não tenha apresentado uma solução, a troca de cartas discutiu a natureza humana, as razões das Guerras e o papel da indústria armamentista.
A correspondência, trocada em 1932, foi redescoberta recentemente pelo cineasta israelense Amos Gitai, que buscava conforto no mundo das ideias após os ataques de 7 de outubro do ano anterior, que marcaram o início do conflito Israel-Hamas. Gitai, de 74 anos, contou que procurou ler e reler as reflexões de intelectuais sobre as Guerras, o que o deixou muito triste.
O Filme ‘Por que a Guerra?’
Daí surgiu a ideia de dirigir um ensaio cinematográfico baseado na correspondência entre Einstein e Freud, publicada no livro ‘Por que a Guerra?’. O diálogo entre os dois grandes pensadores foi lançado em Paris, em francês, inglês e alemão, em março de 1933, quando o ditador Adolf Hitler já havia assumido o poder na Alemanha, onde a obra foi proibida. O filme ‘Por que a Guerra?’ teve première mundial durante a 81ª edição do Festival de Veneza, realizado entre agosto e setembro.
Agora, o longa é apresentado no Brasil, na programação da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que será encerrada em 30 de outubro. ‘Trata-se de um filme antiguerra que não usa a típica iconografia, com imagens chocantes’, disse Amos Gitai, ao NeoFeed, durante a sua passagem pelo festival italiano. ‘A ideia aqui não é apenas explorar o conflito entre Israel e Palestina, que não é o único no mundo. A proposta é mais abrangente, no sentido de questionar o motivo que nos leva a entrar em Guerra uns com os outros.’
Uma Abordagem Diferente
Ao longo de 87 minutos de duração, ‘Por que a Guerra?’ entrelaça trechos em que atores interpretam os dois pensadores com cenas que abordam o dano psicológico das Guerras. As imagens brutais de Goya são apresentadas como obras artísticas que denunciam as crueldades. ‘As imagens mais brutais que mostro no filme são os trabalhos de Francisco de Goya’, afirmou Gitai, que selecionou gravuras da série ‘Os Desastres da Guerra’. Esse trabalho foi realizado pelo pintor espanhol, de 1810 a 1815, baseado nos estragos deixados pela Guerra da Independência Espanhola.
O filme traz os atores franceses Mathieu Amalric e Micha Lescot nos papéis de Freud e Einstein, respectivamente. Em suas cenas, os intelectuais geralmente discutem sozinhos as ideias que colocam no papel para o seu interlocutor. Mas, por nem sempre concordarem, eles também são vistos no filme discutindo e questionando as razões da Guerra.
Fonte: @ NEO FEED
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