O Brasil lidera o crescimento do mercado de construção de datacenters, mas preocupa com gastos de água e energia, enquanto serviços de nuvem avançam com inteligência artificial.
O aumento significativo no número de datacenters no Brasil entre 2013 e 2023 é um reflexo do crescimento do setor de tecnologia no país. Empresas globais têm investido pesado nesse segmento, atraídas pelo potencial de mercado e pela promessa de empregos qualificados e bem remunerados. A construção e expansão de datacenters têm impulsionado a economia e a infraestrutura digital da região.
Essas instalações tecnológicas são fundamentais para o armazenamento e processamento de dados em larga escala, sendo essenciais para o funcionamento de diversas empresas e serviços digitais. A presença de centros de armazenamento de dados de última geração fortalece a posição do Brasil como um polo tecnológico em ascensão, contribuindo para o desenvolvimento de infraestruturas digitais robustas e seguras no país.
Expansão dos Datacenters na Região e Preocupações com Gastos de Água e Energia
Com o crescimento exponencial do mercado de inteligência artificial (IA) e serviços de nuvem, as infraestruturas tecnológicas conhecidas como datacenters têm se expandido pela região. Essas instalações digitais, responsáveis pelo armazenamento e processamento de uma quantidade massiva de dados, estão oferecendo cada vez mais serviços diversificados.
De acordo com Alison Takano, especialista em consultoria e transações para a América Latina da CBRE, o Brasil está acompanhando a tendência global, com a construção de mais datacenters nos últimos anos. Grandes empresas estão ampliando suas operações na nuvem, impulsionando o mercado de datacenters no país.
Os principais players desse setor, como Google, Microsoft e Amazon, estão investindo em centros de armazenamento para lidar com a demanda crescente por processamento de dados. O número de datacenters no Brasil teve um aumento significativo de 628% entre 2013 e 2023, conforme o Brazil Data Center Report da consultoria imobiliária JLL.
O país se destaca na América Latina, concentrando cerca de 40% dos novos investimentos nessa área. Segundo o Datacenter Map, empresa especializada em mapear essas infraestruturas ao redor do mundo, o Brasil conta atualmente com 135 instalações desse tipo, a maioria localizada em São Paulo.
O México é o segundo país da região em número de datacenters, com 50 centros, seguido pelo Chile, que possui 49 instalações. No entanto, a preocupação com o alto consumo de energia nessas infraestruturas tecnológicas é uma questão global.
Alison Takano ressalta que alguns datacenters operam com mais de 100 megawatts, o que pode representar um gasto energético superior ao de uma cidade de pequeno porte. Nesse contexto, o Brasil se destaca por sua matriz elétrica, com 84,25% de fontes renováveis, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Outro ponto relevante é o México, que se beneficia da proximidade com os Estados Unidos para atrair investimentos em datacenters, seguindo a tendência do nearshoring. Esse fenômeno busca reduzir riscos nas cadeias de fornecimento ao buscar países vizinhos para instalar infraestruturas críticas.
Recentemente, a Amazon anunciou um investimento de 5 bilhões de dólares em datacenters no México, destacando a importância estratégica dessas instalações. Marina Otero Verzier, arquiteta e pesquisadora de datacenters da Universidade de Columbia, enfatiza que esses espaços tecnológicos são vistos como símbolos de status pelas grandes empresas.
No entanto, há crescentes preocupações sobre os impactos ambientais e sociais desses empreendimentos, especialmente nos países desenvolvidos. Essa realidade tem levado empresas do setor a considerar a América Latina como uma alternativa viável.
Marina Otero Verzier destaca que os datacenters geralmente empregam poucas pessoas, muitas vezes trazendo profissionais altamente especializados de fora. Essa característica levanta questões sobre os benefícios reais dessas instalações para as comunidades locais e o meio ambiente, gerando um debate sobre o papel dessas infraestruturas no mundo digital em constante evolução.
Fonte: @ Terra
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