Obra que liga avenidas Sena Madureira e Ricardo Jafet, suspensa, atravessa comunidades e envolve rede-coletiva, área-pública e valor-mercado.
Em uma ação conjunta entre o Ministério Público e o poder público paulistano, a demolição de casas e o corte de árvores em uma das duas pequenas favelas foram suspensos temporariamente. No entanto, o debate sobre o futuro da Favela Souza Ramos, localizada na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, continua. Moradores da área pública questionam a legitimidade do processo e a oportunidade de permanecerem no local.
A favela é um território socialmente construído, com uma identidade única e forte. Compartilhando um espaço com a comunidade, os moradores da favela trabalham juntos para criar e manter espacinhos sociais, como ruas, praças e edifícios. Eles questionam o motivo de terem que sair da área, quando a comunidade já está estabelecida há anos. A favela Souza Ramos é uma das pequenas favelas que resistem à expansão urbana desenfreada, demonstrando que a favela é uma comunidade forte e resiliente.
Desigualdades sociais nas favelas
As favelas de Souza Ramos e Coronel Luís Alves, localizadas em áreas próximas da rua na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, apresentam contrastes significativos em suas demandas e expectativas em relação ao projeto do túnel que ligará as avenidas Sena Madureira e Ricardo Jafet. Embora compartilhem semelhanças em tamanho e quantidade de habitantes, essas comunidades desejam fins distintos para a obra.
Uma escolha entre regularização e indenização
Na favela de Souza Ramos, os moradores expressaram o desejo de regularizar a situação fundiária e permanecer nas suas casas. Segundo Laurenilda Maria dos Santos, 65 anos, os moradores da favela vizinha, Coronel Luís Alves, buscam indenização a preço de mercado. ‘Aqui a gente quer ficar, lá eles querem o dinheiro’, ela disse. A favela de Souza Ramos enfrenta um processo de regularização há mais de 5 anos, enquanto a Coronel Luís Alves busca uma indenização.
Mineração de recursos em uma comunidade
Na favela Coronel Luís Alves, as lideranças afirmam que o valor oferecido pela indenização é insuficiente, comparado ao valor de mercado. ‘Se a gente tiver que sair, teria que ser para coisa melhor.O valor que oferecem não dá para comprar nem um barraco em outra comunidade’, reclama Marisa Silva de Jesus, 44 anos, moradora da Luís Alves há 17 anos. Este cenário demonstra como as comunidades favelas lutam por uma realocação digna.
Um contexto de transformação
A comunidade ganhou uma nova percepção com o processo de regularização, como afirma Eduardo Canejo, presidente da Associação de Moradores Souza Lopes, 61 anos. ‘A comunidade ganhou certa maturidade com esse processo todo’, diz. Ele é arquiteto e acompanha o projeto do túnel da Sena Madureira desde 2010. A comunidade de Souza Ramos apresenta cerca de 81 casas com cerca de 300 pessoas.
Dois caminhos
A favela Coronel Luís Alves, localizada do outro lado da rua, tem uma história diferente. Wallace Dias, 31 anos, morador da comunidade há duas décadas, explica que a comunidade entrou com uma ação judicial de usucapião por parte da prefeitura. ‘A gente quer ganhar a posse para vender valorizado, por valor de mercado’, diz. Neste cenário, os moradores da favela Coronel Luís Alves buscam desfrutar do valor da terra.
Um olhar sobre as favelas
As favelas de Souza Ramos e Coronel Luís Alves, embora pareçam iguais em tamanho e quantidade de habitantes, apresentam experiências distintas com o projeto do túnel. Elas demonstram que, mesmo em uma área baixa da região, ficam invisíveis para quem passa pelas principais vias da Vila Mariana, existem desigualdades sociais.
Fonte: @ Terra
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