Saldo do Dia: Índice brasileiro caiu 10% após curva de 10 anos de frustrações globais. Pacote fiscal e juros futuros pressionam dívidas de empresas.
Com o Ibovespa enfrentando uma contração de 10% em 2024, que poderá ser agravada ainda mais para o restante do ano, o mercado brasileiro está ansioso pelo que virá em 2025. Muitos investidores estão questionando pela quinta vez consecutiva se o índice superará os 140 mil pontos a ser alcançado em 2025.
Um dos principais motivos da retração é a queda do índice em 2024, que ameaça a meta de superar os 140 mil pontos. Com a Ibovespa em queda, os investidores estão procurando maneiras de minimizar suas perdas e aproveitar oportunidades de recuperação em curto prazo. Isso inclui monitorar o desempenho do mercado de ações e ajustar suas estratégias de investimento para lidar com a volatilidade do mercado.
Expectativas crescem, Ibovespa sente o efeito
O mercado de ações brasileiro vive um momento delicado, com o apetite a risco entrando em recesso e projetos para inflação e juros subindo mais uma vez. O Boletim Focus divulgado na segunda-feira (23) trouxe novas projeções pessimistas para a economia, reforçando a ideia de que o período de bolsa deixada de lado pode se prolongar.
A deterioração das expectativas encontrou um terreno fértil para se fortalecer na sexta-feira, quando o pacote fiscal foi promulgado, com redução de gastos menor do que o esperado. Sem motivos para subir, o Ibovespa escorregou de volta aos 120.767 pontos, registrando uma perda de 1,09%. As perdas no ano agora chegam a 10%, com uma variação mensal negativa de 3,90%.
Em termos de volume de negociações, o movimento de R$ 15,1 bilhões foi ligeiramente inferior à média de R$ 16,3 bilhões dos últimos 12 meses. Um dos fatores que contribuem para a desvalorização dos ativos brasileiros é a política fiscal expansionista, combinada com inflação e juros altos.
A bomba do Federal Reserve, que anunciou taxas de juros mais altas do que previamente esperado, trouxe volatilidade para os ativos de risco e mais força para o dólar. Paula Zogbi, gerente de Research e head de conteúdo da Nomad, explica que as projeções de juros altos por mais tempo, com inflação mais elevada e precificação de apenas dois cortes em 2025, trouxeram mais força para o dólar, que tem ainda mais força em relação ao real do que outras moedas graças aos riscos fiscais domésticos.
Além das questões internas, o movimento nos Estados Unidos também ajudou a fortalecer o dólar, que voltou a subir 1,87% nesta segunda-feira, fechando a R$ 6,19 e praticamente recuperando as perdas da sexta-feira. Nem R$ 16,8 bilhões em leilões foram capazes de evitar que o dólar comercial avançasse 3% em dezembro. No ano, a valorização da divisa ante o real já chega a 27,5%.
O mercado de ações brasileiro está sendo afetado pela diminuição do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, o que está levando a uma diminuição do valor considerado justo para as ações da bolsa. As projeções também fortalecem o dólar pela diminuição do diferencial de juros.
Impacto nos juros futuros e curva de dez anos
O cenário de juros altos nos Estados Unidos está levando a um aumento nos juros futuros e na curva de dez anos. Paul Zogbi destaca que o momento de respiro no mercado brasileiro durou pouco e os juros da curva de dez anos voltaram a subir, com alguns contratos já acima de 15%. Além disso, os preços em contratos de curto prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
Expectativas negativas e impacto na economia
O cenário de juros altos e inflação mais elevada está afetando a economia brasileira, com as dívidas das empresas se tornando mais caras e o valor considerado justo para as ações da bolsa diminuindo. A diminuição do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos também está contribuindo para a desvalorização do Ibovespa.
A expectativa de que os juros futuros seguirão crescendo é um gatilho para que os papéis brasileiros acompanhem o movimento. A situação está se tornando ainda mais complicada, com o dólar comercial avançando 3% em dezembro e a valorização da divisa ante o real chegando a 27,5% no ano.
O cenário pessimista pode se prolongar, com o apetite a risco entrando em recesso e as projeções para inflação e juros subindo mais uma vez. A expectativa de que os juros futuros continuarão crescendo é um sinal de que o Ibovespa pode continuar a ser afetado negativamente.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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