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© 2023: famoso episódio do césio, maior acidente nuclear por radiação ionizante cesio, especialidade em machine learning, análise de elemento emitidor.
Quem acompanhou a reportagem sobre o material radioativo roubado em São Paulo na última sexta-feira (5) certamente se lembrou do trágico incidente envolvendo o césio-137 em Goiânia, no final dos anos 1980, marcado como o pior acidente nuclear do Brasil. O elemento subtraído desta vez foi o germânio, capaz de emitir uma quantidade 200 vezes maior de radiação ionizante que o césio.
A preocupação com substâncias radioativas deve ser constante, especialmente diante de situações como essa. A população precisa estar ciente dos riscos e das medidas de segurança necessárias para lidar com materiais radioativos, a fim de evitar incidentes graves como os que marcaram a história do país.
Roberto ‘Pena’ Spinelli e sua análise sobre o elemento emitidor radioativo
Mas calma, isso não significa que ele é mais perigoso. Roberto ‘Pena’ Spinelli, físico formado pela USP, com especialidade em Machine Learning pela Universidade de Stanford e pesquisador na área de Inteligência Artificial, além de colunista do Olhar Digital News, fez uma análise no X (antigo Twitter) sobre a radioatividade do Germânio.
De acordo com o especialista, apesar do elemento emitir 200 vezes mais radiação que o Césio, existem outros fatores que determinam o quão perigoso para o ser humano um material nuclear é. Pediram para eu calcular o potencial radioativo do germânio-68 que foi roubado, e se poderia gerar uma catástrofe como a do Césio-137 em Goiânia. Pelos meus cálculos, o Germânio emite uma radiação perigosa (ionizante) 200 vezes MAIOR que a do Césio!!! Mas calma… segue o 🧵 pic.twitter.com/Dybg24YaF8— Pena (@Penadoxo) July 7, 2024
Comparação com o episódio do Césio-137 em Goiânia
Em comparação com o caso de Goiânia, Pena cita que a forma em que o elemento está dessa vez dificulta a propagação dele no ambiente. ‘O césio estava na forma de um sal (pó) altamente solúvel em água e que pode se dispersar no ambiente. O germânio está na forma sólida, e por isso não consegue se espalhar pelo ambiente e nem contaminar poços de água’.
Outro ponto determinante é a vida útil do material. Enquanto o césio pode fazer estrago e manter o local contaminado por 30 anos, a duração do germânio é de apenas 272 dias. Além disso, o césio em forma de sal pode ser ingerido, contaminando diretamente as células. O elemento roubado, em forma sólida, não pode ser ingerido tão facilmente.
Quantidade e potencial radioativo do germânio roubado
O fato mais determinante pode ser ainda a quantidade. Segundo Pena, ao que tudo indica existe uma diferença bem grande. ‘No acidente de Goiânia, foram expostos 19g de césio 137. O balde de germânio que sumiu, pelas notícias que encontrei, continha apenas 1 gerador de gálio, que costuma ter por volta de miligramas de germânio. Se for isso de fato, é algo como 10 mil vezes menos’, disse o professor.
Mesmo que o germânio seja 200 vezes mais radioativo que o césio, o fato de ser sólido e a amostra ser 10 mil vezes menor, além da sua vida curta, faz com que o potencial de desastre do balde roubado de germânio seja muito menor do que no acidente de Goiânia.
Isso tudo não significa, entretanto, que o germânio roubado em São Paulo seja inofensivo. ‘Qualquer pessoa que manipular essa amostra diretamente, sem nenhum tipo de proteção, pode sim ter danos sérios de curto e longo prazos e até vir a morrer’, finaliza o especialista.
Alerta da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)
O alerta já havia sido dado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que informou em nota que o risco da exposição do material é ‘muito baixo para a população e o meio ambiente’, mas que o contato humano com o elemento deve ser.
Fonte: @Olhar Digital
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