Projeções ultrapassam o limite do arcabouço fiscal para 2025, com piora no cenário de investidores. O Ministério da Fazenda monitora a Dívida Bruta do Governo e o Produto Interno Bruto, considerando o prisma fiscal.
O déficit público do governo federal pode ser menor do que o esperado, de acordo com as últimas estimativas do mercado. O Prisma Fiscal de setembro, divulgado pelo Ministério da Fazenda, mostra que as instituições financeiras, consultorias e gestoras de recursos reduziram em quase R$ 7 bilhões a previsão de déficit primário para este ano. Essa revisão é um sinal positivo para a economia.
Os números coletados entre 8 de agosto e 6 de setembro indicam que o déficit público pode ser menor do que o inicialmente previsto. A redução do déficit é um passo importante para alcançar o déficit zero. Embora ainda haja incertezas, a revisão das estimativas é um indicativo de que o governo está no caminho certo para controlar o déficit. O déficit primário é um dos principais indicadores da saúde financeira do governo, e sua redução pode ter um impacto positivo na economia como um todo.
Déficit: Entendendo as Projeções e Seu Impacto nas Finanças Públicas
A estimativa para o déficit primário de 2024 sofreu uma redução de R$ 73,5 bilhões para R$ 66,665 bilhões em comparação mensal, mas ainda permanece acima do dobro do déficit permitido pela banda do arcabouço fiscal para este ano. A meta de resultado primário é de déficit zero, com uma margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para cima e para baixo. Essa banda de tolerância equivale a aproximadamente R$ 28,8 bilhões para cima ou para baixo.
Já a estimativa de instituições financeiras, consultorias e gestoras de recursos para o déficit primário do ano que vem aumentou de R$ 91,688 bilhões para R$ 93,067 bilhões. No caso da dívida bruta do governo geral (DBGG), principal indicador do estoque de endividamento público, a projeção do mercado passou de 77,72% para 77,91% no fim deste ano, medido em relação ao PIB. Para 2025, a estimativa variou de 80,32% para 80,61%.
A expectativa para a arrecadação federal de 2024 passou de R$ 2,622 trilhões para R$ 2,633 trilhões, enquanto as receitas líquidas passaram de R$ 2,135 trilhões para R$ 2,146 trilhões. Já a projeção para as despesas totais do governo federal permaneceu estável, na casa dos R$ 2,209 trilhões. Para 2025, as projeções para essas variáveis ficaram em: R$ 2,779 trilhões (contra R$ 2,751 trilhões anteriormente); R$ 2,264 trilhões (contra R$ 2,245 trilhões); R$ 2,365 trilhões (contra R$ 2,343 trilhões).
O Impacto do Déficit nas Finanças Públicas e no Consumidor
O Prisma Fiscal acompanha as expectativas de agentes do mercado financeiro para os resultados primários das contas públicas, permitindo avaliar como investidores estão ajustando seus posicionamentos com base no acompanhamento das contas públicas. Isso é fundamental para entender se esses agentes acreditam que o governo pode cumprir a meta de zerar o déficit (ter gastos e receitas equivalentes). Esses objetivos foram estipulados como parte do arcabouço fiscal, um conjunto de regras criadas pelo governo e aprovado pelo Congresso com o intuito de manter as contas públicas saudáveis.
O cumprimento dessas metas seria um sinal a investidores de que as finanças governamentais estão em ordem, reduzindo a percepção de risco e criando um ambiente para diminuir os prêmios exigidos para investir no Brasil. Na ponta dessa cadeia de eventos está o consumidor, que é afetado pelos balanços das expectativas do mercado. Simplificando, o governo pode ser comparado a um correntista de banco pessoa física, e as contas públicas à sua bancária, em escala colossalmente menor. É normal que as pessoas tenham previsão de quanto vai entrar e quanto vai sair da conta em um determinado período, ou seja, quanto devem ganhar e quanto pagarão em contas, dívidas, gastos gerais, investimentos em um determinado período.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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