Samar Maziad, vice-presidente da Moody’s, fala sobre desafios do governo, déficit fiscal e crescimento econômico, destacando a importância de equilibrar receita total e despesas com programas para atingir metas fiscais.
No início de setembro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou otimismo em relação à recuperação do grau de investimento pelo Brasil. Segundo ele, o País já possui as condições necessárias para alcançar esse status, mas além dos modelos matemáticos, há o fator subjetivo que pode influenciar a decisão. A confiança dos investidores é fundamental para que o Brasil retome seu lugar entre os países com grau de investimento.
A nota soberana do Brasil é um dos principais indicadores utilizados pelas agências de classificação de risco para avaliar a capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros. A classificação de risco é um fator importante para determinar o grau de investimento de um país, e o Brasil precisa melhorar sua nota para atrair mais investimentos estrangeiros. A estabilidade econômica é essencial para que o Brasil possa alcançar seu objetivo de recuperar o grau de investimento e se tornar um destino atraente para os investidores.
Desafios para o Brasil alcançar o grau de investimento
O Brasil precisa superar obstáculos significativos para alcançar o grau de investimento, segundo as principais agências de rating, como a Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s. Para isso, o país precisa melhorar sua nota soberana e reduzir o déficit fiscal, que é um dos principais desafios a serem vencidos.
Samar Maziad, vice-presidente e analista sênior de riscos soberanos da Moody’s, afirma que o governo está comprometido com as metas fiscais, mas que essas medidas ainda não surtiram efeito. ‘O déficit geral continua sendo um desafio muito grande para o país’, diz ela. Maziad estará presente no Brazil Climate Summit, evento que ocorre em 18 de setembro, em Nova York.
Crescimento econômico e déficit fiscal
O crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2024 foi um sinal positivo, mas o déficit fiscal exerce mais força do que o crescimento econômico. O indicador ainda está muito alto, em 10% do PIB. No primeiro semestre de 2024, o déficit primário do Brasil atingiu R$ 68,6 bilhões, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
A receita total alcançou R$ 1,3 trilhão, elevação real de 8,5% sobre o mesmo período do ano anterior. No entanto, a nova meta estabelecida em abril deste ano é a de equilibrar receitas e despesas, zerando o déficit no período. Maziad afirma que não acredita que as metas sejam muito ambiciosas, mas que elas não são simples de atingir.
Desafios para alcançar as metas fiscais
Para alcançar as metas fiscais, o governo precisa reduzir os gastos obrigatórios e a indexação de saúde e educação. Essas questões retornaram à pauta com o novo arcabouço fiscal, o que torna o corte de gastos muito difícil, mas necessário se o país busca um equilíbrio fiscal. Maziad afirma que é preciso pensar mais em gastos do que em receita no momento, algo que o governo ainda dá pouca atenção.
O Itaú Unibanco afirma que a deterioração do quadro fiscal brasileiro vem de uma série de falhas do governo federal em controlar as despesas com programas sociais, o que pode tornar o arcabouço fiscal insustentável em 2025. Maziad concorda que essa é uma conversa complexa, mas que deve entrar em pauta se o foco é conseguir equilibrar as contas do País.
Conquista do grau de investimento
Para conquistar o grau de investimento, o Brasil precisa melhorar sua classificação de risco e reduzir o déficit fiscal. Isso exigirá esforços significativos do governo para controlar as despesas e aumentar a receita. Maziad afirma que é importante mostrar que existem ferramentas e medidas que serão implementadas para alcançar essas metas e assim conquistar a credibilidade do mercado.
Fonte: @ NEO FEED
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