Shivaun Raff e seu marido Adam travaram uma batalha jurídica de 15 anos contra a Google, que aplicou uma penalidade de pesquisa após o lançamento de um site de comparação de preços com filtros automáticos.
O Google praticamente nos apagou da internet, afirma Shivaun Raff, que vivenciou um dia de lançamento particularmente desafiador. Dias de lançamento são igualmente emocionantes e aterrorizantes para muitos fundadores de empresas que vão estrear no mercado. Mas provavelmente esse dia nunca será pior do que o vivenciado por Shivaun Raff e seu marido, Adam.
Quando o Google lançou seu mecanismo de pesquisa, a empresa de tecnologia revolucionou a forma como as pessoas encontram informações online. No entanto, para Shivaun Raff e seu marido, o lançamento de seu negócio foi um desastre. Eles perderam todo o controle sobre sua presença online. Agora, eles precisam lidar com as consequências de terem sido “apagados” da internet.
O Caso do Foundem e a Batalha Contra o Google
Em junho de 2006, o casal Shivaun e Adam estava prestes a lançar o Foundem, um site inovador de comparação de preços. Eles haviam sacrificado empregos bem pagos para construir a plataforma do zero, mas não sabiam que aquele dia marcaria o começo do fim da empresa. O Foundem foi atingido por uma penalidade de pesquisa do Google, provocada por um dos filtros automáticos de spam do mecanismo de pesquisa da empresa de tecnologia. Isso empurrou o site para baixo nas listas de resultados de pesquisa para consultas relevantes, como ‘comparação de preços’ e ‘comparação de compras’.
A Luta Pela Visibilidade
O site do casal, que cobrava uma taxa quando os clientes clicavam em listas de produtos de outros sites, sofreu para ganhar algum dinheiro. ‘Estávamos monitorando nossas páginas e como elas estavam sendo classificadas [no sistema do Google]. Então vimos todas elas despencarem quase imediatamente’, diz Adam. Embora o dia do lançamento do Foundem não tenha saído como planejado, ele seria o gatilho de outra coisa: uma batalha jurídica de 15 anos que culminou em uma multa recorde de € 2,4 bilhões (R$ 14,7 bi) para o Google, que foi condenado por ter abusado de seu domínio de mercado.
A Batalha Jurídica
O processo é visto como um dos momentos mais marcantes na regulamentação global das grandes empresas de tecnologia. O Google passou sete anos resistindo à condenação, expedida em junho de 2017. Porém, em setembro deste ano, o Tribunal de Justiça Europeu rejeitou todos os recursos da companhia. Em entrevista ao programa The Bottom Line, da BBC Radio 4, Shivaun e Adam explicaram que, a princípio, eles pensaram que o início vacilante do site tinha sido simplesmente um erro. ‘No começo, pensamos que isso seria um dano colateral’, diz Shivaun. ‘Nós apenas presumimos que tínhamos que escalar a plataforma para o lugar certo e essa penalização seria anulada.’
A Consequência da Penalidade
O casal enviou ao Google inúmeras solicitações para que a restrição automática fosse suspensa, mas, cerca de dois anos depois, nada havia mudado e eles relatam que não receberam nenhuma resposta. Enquanto isso, o site aparecia normalmente em outros mecanismos de busca. No entanto, isso realmente não importava, de acordo com Shivaun, já que ‘todo mundo usa o Google’. O casal descobriria mais tarde que o site deles não era o único a ter sido colocado em desvantagem pelo Google — quando a gigante da tecnologia foi considerada culpada e multada em 2017, havia cerca de outras 20 queixas, que incluíam Kelkoo, Trivago e Yelp.
Fonte: © G1 – Tecnologia
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