Exposição no Museu Judaico de São Paulo revela o legado da diáspora judaica para a Amazônia, Judeus marroquinos, na Amazônia, com contributos da arqueologia da diáspora, judeus.
A diáspora judaico-marroquina, uma imigração marcada por anos de perseguição e opressão, finalmente começa a ser registrada e celebrada no Brasil.
Da diáspora judaica para a floresta amazônica, foi um percurso de migração longo e sinuoso, com muitas paradas e encruzilhadas. Essa imigração, que começou na época colonial, trouxe consigo uma rica herança cultural que se misturou com a dos povos indígenas e Africanos, resultando em uma identidade única e vibrante. Na diáspora, os judeus marroquinos encontraram um novo lar, mas não esqueceram a sua raiz cultural, a qual, ao longo dos anos, passou a ser compartilhada e celebrada. A história da diáspora judaico-marroquina é um testemunho da força e da resiliência do povo judeu, que, apesar de ter enfrentado muitos obstáculos, conseguiu criar uma nova comunidade e construir um futuro. Com a exposição do Museu Judaico de São Paulo, a história da diáspora judaico-marroquina é trazida à luz, permitindo que mais pessoas conheçam e se conectem com essa rica herança cultural.
Uma Viagem ao Passado: A Imigração Judaica na Amazônia
A imigração foi um fenômeno complexo que abrangeu diversas regiões do mundo, incluindo a Amazônia, onde mais de 200 itens, entre obras de arte históricas, vídeos, documentos e registros fotográficos, recupera a memória dessa diáspora, ocorrida entre 1810 e 1930, quando centenas de famílias vieram de cidades como Tânger, Tetuan, Fez e Marrakesh. Essas famílias já teriam permanecido por mais de três séculos no Marrocos, após serem expulsas da Península Ibérica durante a Inquisição, entre os séculos 12 e 18.
O Fator Econômico: A Motivação por Trás da Migração
Segundo a cronologia da exposição, ‘fatores econômicos, sociais e políticos’ teriam causado a segunda onda migratória, desta vez da ‘aridez das terras marroquinas’ para a ‘abundante floresta amazônica’. Os imigrantes não se estabeleceram somente nas capitais Manaus e Belém, mas também em Parintins e Itacoatiara, no Amazonas, e Gurupá e Cametá, no Pará — onde havia uma das mais antigas sinagogas do Brasil.
Estratégias de Comércio e Inovação
Eles seguiam uma tradição de comércio, adentrando os estados como mascates dos rios (os chamados ‘regatões’), em embarcações que não raro traziam nomes judaicos como Levy ou Bennaroch. A diáspora marroquina trouxe consigo uma rica cultura e uma habilidade inata de comércio, os imigrantes adaptaram-se rapidamente ao novo ambiente.
A Influência da Cultura Judaica na Região
Na mostra, há indícios, por assim dizer, alegóricos, de como a cultura judaica reverberou em costumes locais ao longo do tempo. A exemplo da estrela de cinco pontas na fronte do Boi Caprichoso, do Festival de Parintins. Ela seria uma alusão à estrela de Davi, emblema desenhado ou afixado aos escudos dos guerreiros do rei Davi, na tradição judaica. Os dois triângulos sobrepostos, representando as três letras do alfabeto hebraico, que compõem o nome Davi. Também existem referências explícitas à própria estrela, como aquela pintada em um vaso da típica cerâmica da Ilha do Marajó, no Pará.
Um Legado Permanente: Cemitérios Judaicos na Amazônia
Ou mesmo evidências desveladas literalmente a facão, como as ‘necrópoles verdes’ judaicas, encontradas na floresta, como é o caso do Cemitério Judaico de Gurupá, descoberto em 2017, na região do Baixo Rio Amazonas. Em processo de tombamento, esses cemitérios apontam que, embora não tivessem uma prática religiosa em sinagogas, aqueles imigrantes queriam ser enterrados como judeus. Um projeto de tal monta dificilmente sairia do papel não fosse a multidisciplinaridade de sua curadoria, de que fazem parte Aldrin Moura de Figueiredo (historiador), Renato Athias (antropólogo), Mariana Lorenzi (Coordenadora de Curadoria e Participação do MUJ) e Ilana Feldman (professora, pesquisadora, ensaísta e curadora independente).
Fonte: @ NEO FEED
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