Mestre e doutor em Oftalmologia, presidente do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein, especialista em tecnologia e procedimentos inovadores em saúde, com foco em protocolos clínicos, diretrizes terapêuticas e avaliação.
A medicina é um dos ramos da ciência que mais se beneficiam da tecnologia e da pesquisa constante. Com o avanço da tecnologia, os profissionais de saúde podem contar com ferramentas mais precisas e eficazes para diagnosticar e tratar doenças.
Os avanços na medicina são resultado direto da inovação e da adoção de novas tecnologias. A medicina regenerativa, por exemplo, é uma área que tem apresentado inovações significativas nos últimos anos, permitindo o desenvolvimento de novas terapêuticas para doenças que antes eram consideradas incuráveis. Com a tecnologia a serviço da medicina, os pacientes podem esperar tratamentos mais personalizados e eficazes. A tecnologia é o futuro da medicina.
Avanços na Tecnologia em Saúde
A tecnologia tem sido um vetor fundamental para impulsionar a formulação de tratamentos inovadores, o desenvolvimento de vacinas e medicamentos que melhoram a qualidade de vida dos pacientes e abrem caminhos promissores na busca da cura definitiva de doenças. A aplicação de avanços digitais, como inteligência artificial (IA), é um exemplo disso. No entanto, o desafio é garantir que esses procedimentos inovadores e comprovadamente seguros e eficazes sejam acessíveis a um público amplo.
No Brasil, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) é responsável por analisar a incorporação, exclusão ou alteração de medicamentos, produtos e procedimentos, assim como de protocolos clínicos ou de diretrizes terapêuticas e tecnologias em saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). A Conitec foi criada em 2011 e funciona como um órgão colegiado do Ministério da Saúde, contando com a participação de secretarias da pasta, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), além de representantes de entidades como o Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Médica Brasileira (AMB).
Avaliação de Tecnologia em Saúde
As análises do Conitec levam em conta não apenas a eficácia e a segurança de um medicamento, produto ou abordagem clínica, mas também os custos da sua incorporação em relação às tecnologias que já estão à disposição dos pacientes. É um trabalho da maior importância e altamente sensível, pois define o rol de procedimentos coberto pelo SUS, lista que serve de referência para todo o sistema de saúde. A ANS, por exemplo, se apoia nele para definir o que os planos de assistência médica são obrigados a atender.
A incorporação de novas tecnologias é um grande desafio para os sistemas de saúde público e privado, pois gera impactos financeiros e operacionais. Se os recursos fossem infinitos, a discussão seria somente sobre a segurança e eficácia dessas novas tecnologias. No entanto, é preciso discutir também o seu custo. A excessiva judicialização da saúde brasileira, com beneficiários dos planos recorrendo aos tribunais para terem acesso a tratamentos e procedimentos que, pensem, deveriam estar cobertos pelo contrato que firmaram, mostra um modelo em perigoso desequilíbrio.
Inovações Terapêuticas e Sustentabilidade
Os gestores de saúde, sejam do campo público e privado, têm à disposição exemplos de Avaliação de Tecnologia em Saúde (ATS), ferramentas que ajudam a avaliar o impacto da incorporação da tecnologia no setor. A ATS contribui para estabelecer parâmetros objetivos de avaliação, fazendo o balanceamento entre eficácia, custo e a expectativa dos usuários. Órgãos como o Conitec, bem como as agências reguladoras, precisam estar preparados para dar conta de uma realidade cada vez mais complexa: a aceleração das inovações terapêuticas, o envelhecimento da população brasileira, que vai demandar mais cuidados médicos, e o estabelecimento de um modelo de saúde sustentável, que deve ser capaz de atender às necessidades da população de forma eficaz e eficiente.
Fonte: @ Veja Abril
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