Integrar o Comitê Consultivo do Movimento Elas Lideram 2030 me fez refletir sobre o papel que podemos desempenhar em prol de causas que dialogam com quem somos, como consumo consciente, filantropia estratégica e sustentabilidade no Terceiro Setor.
Ativismo é uma prática que pode ser exercida de diversas maneiras, inclusive no ambiente acadêmico. Ao compartilhar experiências e conhecimentos, os professores podem inspirar seus alunos a se engajarem em causas sociais e políticas. Em uma conversa sobre minha experiência em conselhos com os alunos do Programa de Preparação para Conselheiros da FIA, percebi que o ativismo pode ser uma ferramenta poderosa para promover mudanças positivas.
A atuação pro bono, ou seja, sem remuneração, é um exemplo de ativismo que pode ser exercido por qualquer pessoa. Ao se envolverem em ações voluntárias, os indivíduos podem fazer uma diferença significativa na vida das pessoas e na sociedade como um todo. O engajamento em causas sociais é fundamental para promover a justiça e a igualdade. Além disso, o ativismo pode ser uma forma de expressar a própria voz e opinião, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Ao se envolverem em atividades de ativismo, os indivíduos podem desenvolver habilidades importantes, como liderança, comunicação e resolução de problemas.
Ativismo: Um Caminho de Engajamento e Ação
Ao refletir sobre a minha jornada, percebo que o ativismo é um caminho que pode ser preparatório para conselhos de administração. No entanto, o que quero destacar aqui é a colocação de um aluno que me chamou a atenção: ‘Quando falamos sobre pro bono, parece que estamos ‘fazendo um favor’, mas, na verdade, somos nós que mais recebemos’. Essa afirmação é uma verdade pura. O pro bono é a forma reduzida da locução latina ‘pro bono publico’, que significa ‘pelo bem público’ ou ‘em benefício do público’. É nobre dedicar tempo e expertise técnica para colaborar com instituições, como as do Terceiro Setor, que têm como missão o interesse público.
Empresas também podem desempenhar um importante papel nesse contexto. A primeira vez que percebi o poder de apoios corporativos foi na criação do Instituto Akatu – Por um Consumo Consciente, em 2001. Eu era diretora do BankBoston e fomos procurados para ser um parceiro financiador. Foi muito pioneiro para a época um instituto focar na temática do consumo consciente. Em profundas interações com o visionário Helio Mattar, tentando entender aquele novo mundo, decidimos participar. E que bela jornada tivemos juntos, suportando campanhas, investindo em projetos variados, conscientizando os nossos funcionários sobre o tema.
Atuação em Conselhos Consultivos
Voltando à conversa na sala da FIA, ponderamos também que não é porque um conselho é consultivo que demanda menos atenção e dedicação. Por que seria? Quando passamos a compor um colegiado, remunerado ou não, espera-se de nós comprometimento, criticidade, envolvimento. Se não for para ser assim, é melhor nem aceitar o convite. Coloquei ainda para a turma que o alinhamento de valores pode ser outro critério a considerar. Claro que há espaço para experimentação e descoberta quando nos envolvemos em uma causa fora do nosso foco principal, mas tendo a achar, baseada na minha jornada, que a convergência, nesse caso, agrega mais valor para o/a conselheiro/a e a instituição.
Atualmente, faço parte de três conselhos consultivos de organizações sem fins lucrativos: o Instituto Ekos Brasil, que promove a biodiversidade e a sustentabilidade, onde estou desde 2020; a Brazil Foundation, que atua na filantropia estratégica, gerando impacto social e ambiental positivos no Brasil; e minha mais recente representação, no Movimento Elas Lideram 2030, da Rede Brasil do Pacto Global da ONU. Como já abordei em artigos anteriores, tenho uma relação muito especial com o Pacto Global, cuja Rede Brasil é brilhantemente conduzida pelo CEO Carlo Pereira desde 2017. Como executiva, as empresas em que trabalhei sempre eram signatárias e participávamos ativamente. Em 2016, no primeiro ano da iniciativa, fui reconhecida como ‘SDG Pionner’, ou seja, uma das 10 pessoas do mundo e uma das duas brasileiras a receber essa distinção.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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