Cid Pitombo reflete sobre alimentação, movimento e peso. Produtos prontos e industrializados mudaram o padrão alimentar, tornando a população mais vulnerável a problemas de saúde devido ao poder de compra e falta de estrutura para alimentos frescos.
Em muitas casas brasileiras, a rotina diária é marcada por longas horas de trabalho e transporte, deixando pouco tempo para se preocupar com a qualidade dos alimentos consumidos. Ao chegar em casa, muitas pessoas se deparam com uma realidade desafiadora: geladeiras antigas e fogões a lenha, que são a única opção para 25% da população brasileira.
A falta de infraestrutura básica, como água e luz, torna a preparação de alimentos saudáveis um desafio ainda maior. A comida é muitas vezes preparada em condições precárias, o que pode afetar a nutrição e a dieta das pessoas. Além disso, a falta de acesso a alimentos frescos e nutritivos pode levar a problemas de saúde a longo prazo. A segurança alimentar é um direito fundamental que precisa ser garantido para todos. A saúde começa na mesa.
A Crise dos Alimentos
A falta de variedade de alimentos frescos em nossas cozinhas é um problema crescente. Com a previsão de que mais de 50% da população brasileira terá obesidade nos próximos anos, é hora de reavaliar nossas escolhas alimentares. A realidade é que o baixo salário e a falta de recursos para preparar e conservar alimentos saudáveis levam muitas pessoas a optar por produtos ultraprocessados, que são mais práticos, mais baratos, mas também mais calóricos e desequilibrados nutricionalmente.
A comida brasileira tradicional, feita com feijão, arroz, salada e carne, tornou-se um luxo. Alimentos saudáveis como peixes, cereais, verduras, legumes e frutas são escanteados devido ao preço e à falta de uma estrutura adequada para conservá-los e prepará-los. O tempo para cozinhar também é um obstáculo para quem precisa trabalhar, cuidar dos filhos e se deslocar.
O Preço dos Alimentos
O fator determinante para a escolha de alimentos é o preço. Alimentos saudáveis são perecíveis e caros, enquanto biscoitos e refrigerantes são mais baratos e duram mais. A opção fica óbvia: pelo preço de um punhado de frutas, é possível comprar cinco pacotes de macarrão instantâneo. Isso é um problema, pois a população mundial de cerca de 8 bilhões de pessoas precisa de alimentos frescos e saudáveis para se alimentar.
A entrada do alimento ultraprocessado foi uma solução necessária para atender à demanda, mas o preço que pagaremos pelo excesso desses produtos na dieta será mais alto que o da escassez alimentar. Doenças como obesidade, câncer, diabetes e problemas cardiovasculares têm uma relação direta com essa nova direção que estamos seguindo.
A Necessidade de Mudança
Economizar para nos alimentar não é a melhor opção. Precisamos investir em pesquisas e outras estratégias para mudar as coisas. Isso passa por desenvolver produtos industrializados de boa qualidade nutricional, melhorar a agricultura e debater novas formas de incrementar a oferta de alimentos saudáveis a todos os lares. As previsões são catastróficas: se continuarmos nesse ritmo, nenhum sistema de saúde terá capacidade financeira de tratar os infartados, hipertensos, diabéticos e pacientes em necessidade de diálise, próteses ou tratamentos para condições graves.
Biologicamente, nos deram um manual simples para sobreviver a esse mundo: comer frutas, verduras, legumes, peixes, carnes, grãos, sementes, caminhar e descansar. Invertemos tudo! É hora de reverter esse processo e encontrar uma solução para a crise dos alimentos.
Fonte: @ Veja Abril
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