Educação inclusiva combate exclusão social construída na cultura dominante de raça.
Programas de educação antirracista, como o do Ministério da Educação (MEC), colaboram para a construção de sociedades mais justas e equitativas, mas ainda há muito a ser feito para superar o racismo estrutural, uma questão que afeta todos os segmentos da população. A inter-relação da educação antirracista com a educação inclusiva é fundamental para abordar os desafios que envolvem a superação do racismo.
As escolas são espaços estratégicos para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa, e devem ser capazes de enfrentar os desafios relacionados ao racismo estrutural e à exclusão social, que afetam a vida dos estudantes. O racismo, por sua vez, é uma forma de discriminação que é perpetuada por meio do preconceito e da intolerância, e que pode ser vencida apenas com uma educação consciente e ação eficaz.
Discutindo a invisibilidade de estudantes negros na produção científica brasileira
A transmissão do programa ‘O Educação Antirracista em Diálogo’ será ao vivo às 19h30 (horário de Brasília), no Canal educação e no canal do MEC no YouTube. Nesse novo episódio, a professora e doutora Nilma Gomes conversa com Graziela Cristina Gonçalves, uma voz importante na luta contra o racismo e a discriminação.
Graziela Gonçalves, além de ser professora da rede pública de ensino de Itajaí (SC), integra o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) como pesquisadora da invisibilidade de estudantes negros e negras na produção científica brasileira sobre educação especial.
Desconstruindo o preconceito e a intolerância
De acordo com Gonçalves, compreender o escopo teórico que articula a educação étnico-racial e a educação inclusiva é fundamental para refletir sobre a contribuição da produção científica atual das universidades brasileiras para a formação de professores e professoras sobre esses dois temas. A inter-relação entre essas lutas é recente e ambas possuem muitos pontos em comum, e é importante que as metodologias científicas sejam sensíveis às especificidades da diversidade. Nesse sentido, a importância do olhar interseccional na análise de raça e deficiência é crucial para construir uma sociedade mais justa e inclusiva.
Gonçalves relembra a trajetória de sua pesquisa de mestrado, que foi impactada por um relato real de exclusão de um estudante negro com múltiplas deficiências no ambiente escolar. A partir de dados estatísticos, a pesquisadora constatou que mais de 50% da população que se autodeclara negra possui algum tipo de deficiência. Além disso, destacou que 53% dos estudantes com deficiência são negros e estão inseridos em classes exclusivas.
Construir uma sociedade mais justa e inclusiva
A convidada dessa edição do programa relata que foi a partir da lacuna de outras pesquisas sobre essa inter-relação que seu projeto se desenvolveu. A conclusão foi que os poucos estudos científicos produzidos no Brasil até então não abordavam classe social, territorialidade ou processos de evasão escolar. Para Gomes, assim como a deficiência, a raça – construída socialmente – é uma das muitas características que compõem a dimensão dos seres humanos. A cultura dominante encara ambas como estigmas inferiorizantes.
Para a pesquisadora, a superação desses estereótipos é um desafio do campo educacional. Nesse sentido, Gonçalves pontua que a pesquisa científica é uma ferramenta fundamental para a construção de políticas públicas. Como exemplo, ela menciona que sua pesquisa de mestrado se transformou em um parâmetro para o diagnóstico de marcadores sociais na educação em Itajaí (SC).
União de lutas e construção de políticas públicas
A entrevistada conclui que a união de lutas, como o anticapacitismo e o antirracismo, é essencial para conjugar esforços em defesa da diversidade, com foco nas reformas de políticas públicas e matrizes curriculares para atender a essas especificidades. A convidada também responde a perguntas do público, abordando questões sobre autoidentificação racial no ambiente educacional, bem como a formação de professores para a construção de currículo que abranja os múltiplos marcadores de identidade dos estudantes.
Fonte: © MEC GOV.br
Comentários sobre este artigo