Governos apresentam projetos para calar críticos, incentivados por contas públicas e trajetória da dívida, tornando capítulo dilema, não deveria ser difícil, a vida será mansa.
O ano de 2024 está chegando ao fim, trazendo consigo uma sensação de velocidade que é difícil de acompanhar. Enquanto alguns podem sentir que o tempo passou rápido demais, outros podem achar que não acaba nunca. Na arena do mercado nacional, as expectativas estão elevadas para aqueles que seguem de perto as mudanças no curso dos negócios. Um pacote de medidas capazes de conter os gastos é o que muitos estão à espera, uma promessa que, infelizmente, continha um caroço de realidade.
Devido ao cenário econômico, muitos estão ansiosos para ver o efeito concreto dessas medidas de corte de gastos. Alguns especialistas em finanças especulam que essas medidas serão capazes de conter os efeitos mais negativos, mas outros têm suas dúvidas sobre o impacto real que terão. Com um olhar atento em direção ao futuro, muitos começam a questionar se essas medidas serão suficientes para fazer frente aos desafios que o mercado nacional enfrenta.
Gastos: O Grande Desafio
Mas a semana que vem é sempre uma grande oportunidade. Uma hora chega, e com ela, a possibilidade de mudanças significativas. Ou será que não chega? E se chegar, será com o objetivo de reduzir os gastos? Na dúvida, surgem especulações, em geral, pessimistas. O último princípio de incêndio no mercado financeiro fez o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vestir seu uniforme de bombeiro, prometendo medidas de corte de gastos expressivas. E mais, um pacote de corte de gastos que seria capaz de conter a trajetória da dívida pública de maneira perene.
No último capítulo desta novela, Haddad prometeu um final feliz, sugerindo que o governo iria além de cortar apenas os bilhões estritamente necessários para fechar as contas até 2026. Não, não. Seriam medidas capazes de conter a trajetória da dívida federal de maneira perene. Haddad não estava com seu famoso violão, mas foi música para os ouvidos do mercado. Tudo muito bem, tudo muito bom. Mas já faz mais de uma semana desses avisos e nada de pacote ainda. Por que tanta demora para apresentar algo tão incrível?
A turma vai ficando desconfiada outra vez, não por acaso. O governo se colocou numa bifurcação, cuja escolha não deveria ser difícil. Se entrega o desejado, ‘vem na minha’ grau de investimento. Se tira o doce que nem mesmo colocou na boca da criança, aí joga às favas a própria confiança. Da qual, é verdade, já não desfrutava muito nas mesas de operação. Mas, caso o governo não dê o presente prometido neste Natal, não há quem faça a Faria Lima acreditar em Papai Noel. Nesse triste conto natalino, no entanto, a noite continuaria sendo bem mais feliz para os participantes do mercado financeiro que a dos demais brasileiros. Investidor quer ganhar dinheiro. E se o governo escolher o caminho do endividamento, a vida será mansa no Tesouro Direto. Taxas intensificariam o rali, já em curso, para compensar a sensação de risco iminente.
Mas, se parecer risco demais, nem ainda mais juros vão convencer a turma a manter sua grana aqui no Brasil. Nesse segundo cenário de êxodo, a taxa Selic tende a ser puxada mais e mais para cima na ânsia do Banco Central (BC) de evitar inflação pelo canal cambial. Só que, no que economistas classificam como ‘dominância fiscal’, a política monetária ter sido quebrada pela fiscal, digamos. Que bicho é esse? Ao subir juros, o custo de rolamento da dívida do governo aumenta ainda mais. O que, por sua vez, traz ainda maior sensação de risco fiscal, incentivando adicionalmente a fuga de capitais. E aí o BC é levado a subir ainda mais a Selic, sua única ferramenta.
E aí aumenta de novo a fuga de capitais, e depois a Selic sobe outra vez, e tem mais fuga, e tem mais juros…. e assim por diante. Resumo da ópera: graças a uma gestão desastrada das contas públicas, a inflação se descontrola. Tivemos um gostinho disso no biênio 2015/2016. E, mesmo nesse cenário extremo, quem teve acesso ao mercado, pura e simplesmente, pôde se proteger ou até se dar bem, surfando em produtos atrelados a juros e inflação em disparada. Às custas de milhões de brasileiros mais e mais pobres. Em outras palavras, reduzir o nível das contas públicas é um capítulo fundamental da trajetória da dívida federal.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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