Grãos pré-solares em nuvens moleculares densas contêm informações sobre estrelas primitivas, reveladas por microscópios eletrônicos.
Há 4,6 bilhões de anos, o Sistema Solar se formou a partir de uma nuvem molecular repleta de gás e poeira espacial. Durante esse processo, a maioria dos grãos de poeira foi destruída, mas uma pequena fração sobreviveu e ficou preservada em meteoritos primitivos.
Essa poeira estelar que resistiu ao longo do tempo é crucial para entender a história do nosso sistema planetário. A presença da poeira nos meteoritos revela pistas valiosas sobre as condições do espaço espacial na época da formação do Sistema Solar.
Revelações sobre Poeira Espacial Estelar
Em um artigo recente divulgado no The Conversation, Sachiko Amari, renomada professora pesquisadora de física em Artes e Ciências na Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, explora o fascinante mundo dos grãos pré-solares. Esses grãos, que são mais antigos que o próprio Sistema Solar, são uma janela para o passado cósmico.
Uma imagem impressionante, obtida por um microscópio eletrônico de varredura, revela um desses grãos. Composto por carboneto de silício (SiC), o grão foi retirado do meteorito Murchison, que caiu na Austrália em 1969. A barra de escala na imagem destaca a minúscula dimensão do grão, equivalente a 1 mícron, ou seja, um milionésimo de metro.
Esses grãos pré-solares têm uma história intrigante. Originados em nuvens moleculares densas há bilhões de anos, eles viajaram pelo espaço antes de finalmente alcançar a Terra a bordo de meteoritos. Essa jornada cósmica é um testemunho da complexidade e longevidade do universo.
Os cientistas mergulharam nas propriedades físicas desses grãos para decifrar suas origens. O carbono, um elemento fundamental encontrado nesses grãos, apresenta dois isótopos estáveis: ¹²C e ¹³C. A proporção entre esses isótopos pode revelar pistas cruciais sobre a história estelar desses grãos.
Ao analisar a proporção ¹²C/¹³C em um fragmento do meteorito Murchison, os pesquisadores fizeram uma descoberta surpreendente. Em vez de refletir a composição típica do Sistema Solar, a proporção encontrada foi de 55,1, indicando uma origem em uma estrela do ramo gigante assintótico, uma fase avançada da vida estelar.
Além do carboneto de silício, outros grãos pré-solares, como diamante, grafite, óxidos e silicatos, foram identificados em meteoritos. Essa diversidade de grãos oferece insights valiosos sobre processos estelares, a evolução dos elementos e a complexidade da galáxia ao longo do tempo.
A poeira espacial estelar, com suas histórias entrelaçadas e propriedades únicas, continua a desafiar e inspirar os cientistas, revelando os segredos mais profundos do cosmos.
Fonte: @Olhar Digital
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