Investimento estrangeiro na bolsa cai 30% em dois meses após saída máxima de R$ 43,3 bi em junho, com perspectiva de saldo positivo nos pregões.
O montante de investimentos de estrangeiros no mercado de ações da bolsa de valores (compra e venda de ações já listadas) registrou um aumento significativo nos últimos meses, conforme relata a B3. Após um período de valorização, em 16 de agosto, os recursos investidos totalizaram R$ 2,3 bilhões, diminuindo o déficit para R$ 30,15 bilhões.
Além disso, a movimentação de ativos no mercado financeiro nacional tem despertado o interesse de investidores estrangeiros, que buscam oportunidades de crescimento em meio à volatilidade dos mercados globais. Os investimentos em ativos brasileiros têm se mostrado atrativos, contribuindo para a diversificação das carteiras de investimento.
Investimentos em alta: Fluxo de saída diminui e saldo positivo alcança R$ 3,5 bilhões
Desde o dia 18 de junho, o déficit apresentou uma redução significativa de 30%, atingindo o valor de R$ 43,3 bilhões. Esse período foi marcado pelo aumento do fluxo de saída, que alcançou a máxima no ano. Os saques registrados foram os maiores desde 2020, durante o auge da pandemia, momento em que o mercado foi tomado pelo pânico, resultando no esgotamento de recursos de ativos mais arriscados em escala global.
No entanto, o cenário mudou em julho, sendo o primeiro mês do ano a registrar um saldo positivo de R$ 3,5 bilhões. O mês de agosto já acumula R$ 6,5 bilhões em aportes somente na primeira quinzena, indicando que está se encaminhando para ser o segundo mês superavitário.
Os investidores estrangeiros desempenham um papel significativo no mercado, movimentando em média 55% dos recursos negociados na B3. O retorno desses investidores tem impacto direto no desempenho do Ibovespa. O ponto de virada foi a perspectiva de um corte de juros nos Estados Unidos em breve.
Com a sinalização de indicadores econômicos e diretores do Federal Reserve (Fed) de que a taxa de juros deve ser reduzida em setembro, cresce o apetite ao risco. Nesse contexto, os recursos antes alocados na renda fixa americana estão sendo realocados para ativos mais arrojados.
A expectativa de queda nas taxas dos títulos públicos americanos tem levado os investidores a buscar oportunidades em países emergentes, onde os retornos são mais atrativos, apesar dos riscos. Esse movimento tem contribuído para a desvalorização do dólar em relação a moedas emergentes, como o real.
A desvalorização do dólar em relação ao real foi de 2,9% até a tarde de 20 de agosto. Outro fator favorável para o retorno desses recursos foram as mensagens do governo sobre a seriedade na responsabilidade fiscal. Um país com contas equilibradas e uma dívida que compromete menos o PIB é visto como menos arriscado, o que incentiva os investidores estrangeiros a ingressarem no mercado de capitais brasileiro.
O analista da Suno Research, João Daronco, acredita que o volume de investimentos estrangeiros tende a aumentar ainda mais com a efetiva redução dos juros nos EUA. Quanto mais baixas forem as taxas por lá, melhor para os ativos dos mercados emergentes.
A temporada de balanços do segundo trimestre, que trouxe boas surpresas aos investidores, também contribuiu para a redução do déficit. Com números promissores, as empresas se tornaram mais atrativas para os investidores estrangeiros.
Embora o fluxo tenha se voltado a favor do mercado brasileiro, ainda está abaixo dos aportes realizados em 2023, quando o saldo positivo chegou a quase R$ 45 bilhões. A entrada desse volume foi o grande impulso para o rali do Ibovespa, que registrou alta de 22% no ano. Como no passado, a maior parte dos recursos entrou na bolsa no segundo semestre.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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