Caso ocorreu na Universidade Nova de Lisboa, no Observatório do Racismo da Faculdade de Direito, que oferece Pós-Graduação em combate à discriminação.
No Brasil, é comum encontrar cursos e programas que abordam o tema do racismo, mas é raro encontrar um que seja ministrado exclusivamente por professores brancos. Isso foi exatamente o que aconteceu na Universidade Nova de Lisboa, em Portugal, onde um curso de pós-graduação em racismo e xenofobia foi anunciado com uma equipe de professores que não reflete a diversidade que o curso pretende abordar.
O curso em questão, que faz parte do Observatório do Racismo e Xenofobia da Faculdade de Direito, inclui um módulo chamado “O racismo existe mesmo?”, o que gerou indignação entre os estudantes e a comunidade acadêmica. Além disso, a presença de professores brancos ministrando um curso sobre racismo e xenofobia pode ser vista como uma forma de discriminação e preconceito, pois não permite que as vozes e perspectivas das pessoas afetadas pelo racismo sejam ouvidas e valorizadas. A falta de diversidade na equipe de professores é um problema grave que precisa ser abordado.
O Debate sobre o Racismo
O curso que gerou controvérsia foi cancelado após uma onda de críticas intensas. Muitas pessoas negras se manifestaram contra a iniciativa e se queixaram de serem consideradas invisíveis mais uma vez. Entre elas estava a jornalista Paula Cardoso, fundadora da Afrolink, uma organização que promove a diversidade na sociedade portuguesa. Para ela, um Observatório do Racismo liderado por pessoas brancas é um insulto, comparável a uma organização de combate à discriminação contra mulheres composta apenas por homens.
A Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa alegou ter tentado formar um corpo docente diverso, mas afirmou que ninguém não branco estava disponível. Além disso, a instituição declarou que a intenção não era minimizar questões importantes nem discriminar ninguém. No entanto, críticos rapidamente apontaram que o próprio título do curso já é um absurdo e que questionar a existência do racismo é ignorar e invalidar o pensamento negro.
O Papel da Xenofobia e do Preconceito
A controvérsia em torno do curso destaca a importância do combate ao racismo e à discriminação em todas as suas formas. A xenofobia e o preconceito são fenômenos que afetam a vida de muitas pessoas, especialmente aquelas que pertencem a minorias. É fundamental que as instituições de ensino superior, como a Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, assumam um papel ativo no combate à discriminação e ao racismo.
A criação de um Observatório do Racismo, liderado por pessoas que realmente entendem as questões em jogo, é um passo importante nessa direção. Além disso, é fundamental que as instituições de ensino superior promovam a diversidade e a inclusão em todos os níveis, desde a composição do corpo docente até a seleção de alunos. Somente assim será possível criar um ambiente de aprendizado que seja verdadeiramente inclusivo e respeitoso com a diversidade.
A Importância da Pós-Graduação em Racismo
A Pós-Graduação em Racismo é um campo de estudo que pode contribuir significativamente para o combate ao racismo e à discriminação. Ao oferecer cursos e programas que abordam as questões do racismo e da xenofobia, as instituições de ensino superior podem ajudar a formar profissionais que estejam preparados para lidar com esses problemas de forma eficaz.
Além disso, a Pós-Graduação em Racismo pode ajudar a promover a conscientização sobre a importância do combate ao racismo e à discriminação. Ao abordar as questões do racismo e da xenofobia de forma crítica e reflexiva, os cursos de Pós-Graduação em Racismo podem ajudar a criar uma sociedade mais justa e igualitária.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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