Promotores suspeitam de lavagem de dinheiro do tráfico na compra de atletas: contrato, comprovante de pagamento, prints, conversas WhatsApp, suposta participação criminosa.
Documentos em posse do Ministério Público de São Paulo revelam possíveis vínculos do PCC (Primeiro Comando da Capital) com a contratação de jogadores renomados do futebol brasileiro e internacional. Os registros incluem contratos, recibos de pagamento e capturas de tela de conversas no WhatsApp, apontando para uma conexão obscura entre o grupo criminoso e o mercado esportivo.
A investigação em andamento sugere que membros do PCC podem estar envolvidos em transações ilícitas dentro do universo do futebol, desafiando a integridade do esporte. A presença do Primeiro Comando da Capital nesse cenário levanta questões sobre a influência de organizações criminosas em setores aparentemente distantes, evidenciando a complexidade das relações obscuras que permeiam a sociedade.
PCC: Corretor de imóveis entrega material em acordo de delação premiada
O material foi entregue pelo corretor de imóveis Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, dentro de um acordo de delação premiada firmado com promotores paulistas e homologado pela Justiça de São Paulo em abril deste ano. Não há indicativo de que os jogadores tenham conhecimento da origem do dinheiro. A principal suspeita dos promotores é de lavagem de dinheiro do tráfico na aquisição dos atletas, por meio de empresas agenciadoras de jogadores de futebol. Gritzbach admite na delação ter participado de um esquema de lavagem da facção na compra de imóveis em São Paulo. Cita, nesse contexto, outras pessoas supostamente ligadas ao Primeiro Comando da Capital. Entre os jogadores de futebol que teriam ligação com agências comandadas por faccionados citados pelo corretor de imóveis estariam alguns com passagens por clubes como Corinthians e São Paulo, dentre eles Éder Militão, ex-jogador do São Paulo e atualmente no Real Madrid. A informação foi publicada inicialmente pelo colunista Josmar Jozino, do UOL, nesta segunda (19), e confirmada pela reportagem, que obteve parte do processo. Logo após a publicação da reportagem, a diretoria do Corinthians divulgou nota dizendo ter recebido com enorme surpresa a possibilidade de atletas serem agenciados por integrantes do crime (leia mais ao fim do texto). Entre os empresários ligados ao crime e com contratos com jogadores do futebol, Gritzbach citou o nome de Danilo Lima de Oliveira, conhecido como Tripa, que vem sendo investigado pela Polícia Civil desde o início de 2022. Na época, o elo com o PCC já havia sido apontado pela polícia. ‘É empresário de diversos jogadores de futebol, alguns alocados na UJ Football, empresa sem lastro financeiro, que se enquadra no simples e possui vários jogadores. Danilo não figura como sócio desta empresa, mas possui participação. Além desta empresa, é sócio da Lion Soccer’, diz trecho da delação. Há dois anos, a UJ negou ligação com Oliveira. Procurada novamente, a empresa que atualmente agencia Éder Militão voltou a negar (leia ao final do texto). A Lion não foi localizada pela reportagem. Além de Oliveira, o corretor de imóveis delatou a suposta participação no esquema de uma pessoa já morta, Rafael Maeda Pires, conhecido como Japa do PCC, que teria participação nas empresas agenciadoras. Em trocas de mensagens em grupo do WhatsApp, anexadas no processo, Japa e outros interlocutores falam da aquisição de alguns atletas do Corinthians e citam o então presidente Duilio Monteiro Alves. ‘Boa tarde, meus amigos. Estamos fechando mais um jogador do Corinthians. Já pedimos referência pro Duilio’, diz um interlocutor. Oliveira é suspeito de participação no sequestro de Gritzbach, em janeiro de 2022. O corretor de imóvel teria desaparecido com US$ 100 milhões (R$ 547 milhões) e mandado matar o dono do dinheiro, suposto chefe do PCC Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, em 2021. Os policiais do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa) afirmaram, em 2022, que Anselmo Cara Preta teria passado US$ 100…
Fonte: © Notícias ao Minuto
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