Taxas de juros em alta penalizam papéis de empresas com alta dependência de crédito e elevado endividamento, visto que variação das projeções afeta custos em dólar no setor de aviação e aumenta o imposto de renda.
Novembro vinha sendo um mês tranquilo em termos de oscilação da Ibovespa, com o mercado em expectativa pela divulgação do pacote de ajustes orçamentários. Esse contexto de expectativa se mantém até o momento, com o índice acusando uma leve variação no seu valor.
Variação nas Projeções
A escalada das perspectivas sobre os juros futuros tem sido um tema de preocupação para as empresas mais endividadas no Brasil, com uma maior exposição a despesas financeiras e a concessão de crédito. No entanto, o cenário mudou com o anúncio do governo sobre cortes de receita e a criação de um regime de isenção de imposto de renda para receitas mensais até R$ 5 mil. Esse ajuste paradoxal gerou uma reação negativa entre os investidores, principalmente os papéis das empresas mais expostas a custos em dólar e com maiores despesas financeiras.
A Influência do Ibovespa
O Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira, experimentou uma mudança de rumo após o anúncio, inicialmente indicando um dia de baixa, mas encerrando com uma alta de quase 1%. Esta reação positiva influenciou os investidores e líderes setoriais, que passaram a explicar melhor o pacote de medidas do governo. A estratégia de apaziguamento dos ânimos funcionou, e o mercado começou a se recuperar.
Impacto no Dólar
O dólar, que havia quebrado a barreira histórica de R$ 6, levou os papéis das empresas com dívidas no exterior a sofrerem com custos internacionais em dólar, especialmente as empresas de combustíveis e setor de aviação. Como resultado, aumentaram as apostas de que o Banco Central precisará de uma elevação na taxa básica de juros, o que afetará ainda mais os papéis mais expostos a crédito e com maior nível de endividamento.
Setores Mais Afetados
Rafael Lage, analista da CM Capital, destaca que os setores de construção civil, aviação e combustíveis são os mais vulneráveis ao cenário macro. As empresas desses setores têm maior nível de endividamento e podem sofrer com restrições nas linhas de crédito. Além disso, MRV e Cyrela, duas das maiores empresas de construção civil, foram as maiores quedas do Ibovespa em novembro, enquanto Azul e Gol foram prejudicadas por conta dos resultados e da desvalorização do real.
Projeções e Previsões
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, ressalta que a perspectiva de um longo período de juros altos explica grande parte das maiores quedas do mês. O mercado penalizou as empresas mais endividadas por conta da perspectiva de pagar mais despesas financeiras. Além disso, a desvalorização do real afeta os custos em dólar, especialmente para as empresas de aviação.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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