Queimadas devastadoras no Cerrado goiano causam tragédia ambiental, afetando produtor rural e qualidade do ar, gerando prejuízo financeiro em assentamento rural.
As queimadas que assolam o Cerrado têm deixado marcas profundas na região. Metade do bioma já foi perdida, segundo especialistas, e a situação só tende a piorar. A destruição causada pelas queimadas não é apenas ambiental, mas também afeta a vida de produtores rurais como Bento Batista Goulart, 48, que vive em Caiapônia, no sul de Goiás.
As chamas que se alastram pelo Cerrado são um lembrete constante do perigo que as queimadas representam. “Tinha fogo até dentro do quintal”, relata Bento, destacando o impacto devastador das queimadas em sua propriedade. Além disso, os incêndios que se espalham pelo bioma também ameaçam a biodiversidade e a economia local. A luta contra as queimadas é uma batalha diária para os moradores da região, que buscam proteger suas terras e sonhos de serem consumidos pelo fogo.
Queimadas Devastadoras no Oeste Goiano
Bento testemunhou o desespero de seus vizinhos enquanto as chamas consumiam plantações e equipamentos em sua fazenda. Ele viu o fogo destruir cercas e pastagens, e relata que ‘uma vaca ficou com as patas queimadas, outra perdeu o peito e vai precisar ser abatida’. O produtor rural possui uma terra de 16 km² e viu a metade disso virar cinza. O prejuízo já ultrapassa os R$ 15 mil, e as dificuldades estão apenas começando.
Com a seca e as queimadas, a produção de leite se tornou ainda mais complicada. ‘Não sei até quando a gente vai aguentar’, lamenta Bento. A intensidade e os danos das queimadas são evidentes ao ouvir histórias como a de Gilmar José de Oliveira, de 55 anos, produtor rural que vive no assentamento Oziel, o maior de Goiás, com 573 famílias.
Queimadas no Assentamento Oziel
Gilmar revela o caos que tomou conta do oeste goiano. Ele conta que o fogo começou na segunda-feira por volta das 9h da manhã, com alguns focos, como se tivesse gente colocando. ‘Não tenho essa certeza, mas foi muito rápido. O vento espalhou o fogo de uma forma assustadora’, relata. O casal viveu momentos de pânico quando as chamas avançaram sobre as terras do assentamento.
‘Não tinha para onde ir, a fumaça foi muito grossa, não dava para saber nem onde o fogo estava. A gente ficou com muito medo até de sair do lugar em que a gente estava, e o único lugar que pensamos foi correr para o córrego’, relembra Gilmar. ‘A gente ficou sem conseguir respirar direito’. As chamas consumiram boa parte de suas terras, queimando no mínimo cinco alqueires e destruindo pastagens essenciais para seu rebanho de gado de corte.
Prejuízo Financeiro e Perda de Qualidade do Ar
Gilmar agora se preocupa em como alimentar mais de 50 cabeças de gado, sem ter para onde levá-las. ‘Vai precisar de feno, e eu creio que não gasta menos que cinco ou seis bolas por mês por uns três meses. Cada bola custa R$ 80, e ainda tem que ir lá buscar’. Enquanto contava sua história, Gilmar consertava a carreta quebrada, que havia utilizado na tentativa de salvar parte do feno. A qualidade do ar na região também foi afetada pelas queimadas, causando problemas respiratórios para os moradores.
Fonte: @ Terra
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