Em dezembro, o índice acumula perdas de 3,7%, influenciado pela taxa básica de juros, ciclo de alta e relação inversa entre atividade econômica e risco fiscal.
Os fundos imobiliários, ainda mais vulneráveis em períodos de alta da taxa Selic, têm sido afetados negativamente pela recente subida desse índice de referência. A atuação do Banco Central tem desempenhado um papel relevante no cenário atual, refletindo-se de forma direta nos custos de captação de recursos dos fundos imobiliários. Em meio a essa instabilidade, é importante observar como os investimentos em fundos imobiliários são afetados.
No entanto, é preciso considerar o índice de referência dos fundos imobiliários, conhecido como o Ifix, que passou a ser monitorado com atenção, especialmente após a sua queda acentuada em quase 2% nas últimas sessões. Esse indicador tem sido um órgão de referência muito importante para os investidores, demonstrando claramente a volatilidade dos fundos imobiliários. Além disso, a taxa Selic tem sido um fator de peso para os investimentos em fundos imobiliários, especialmente considerando que cada cota de um fundo imobiliário pode ser afetada de forma diferente segundo o seu perfil de investimento e a sua composição patrimonial. Com os fundos imobiliários negociados em preços mais baixos, os investidores podem aproveitar a oportunidade de adquirir cotas com preços mais competitivos.
Fundos Imobiliários: Lado Opaco da Bolsa
A sexta-feira (6) marcou um dia de recuperação para o Ifix, que avançou cerca de 2% e retomou os 3 mil pontos. No entanto, a desvalorização do índice em dezembro já é de 3,7%, alcançando 5% de perda se não fosse a alta de hoje. Por três meses consecutivos, o Ifix apresenta quedas. Em setembro, outubro e novembro, a queda acumulada foi de 7,75%. Dezembro mostrou sinais de seguir no mesmo caminho. No ano, o Ifix acumula uma perda de quase 9%.
Por outro lado, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, registrou uma queda de 5,75%. O movimento negativo na categoria nos últimos meses está relacionado ao início do ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, e à perspectiva de manutenção de juros elevados por mais tempo que o esperado.
O cenário de mudança nas projeções para a taxa Selic é influenciado pela escalada do risco fiscal, força da atividade econômica e aumento nas estimativas para a inflação. Casas apostam em uma Selic entre 13% e 14% no próximo ano, e não há descartes para chegar a 15%. Juros mais altos impactam diretamente os preços das cotas dos fundos imobiliários, pois a relação entre os dois é inversamente proporcional. Se a Selic está alta, os fundos tendem a cair; se a Selic cai, os fundos se valorizam.
Neste ano, até novembro, todos os setores de fundos imobiliários apresentam perdas. Os fundos de ‘tijolo’, que investem em imóveis, como shoppings, lajes corporativas e galpões logísticos, são os mais penalizados. O segmento de lajes corporativas desvaloriza 14,3% no ano, enquanto o de fundos de fundos (FoFs) recua 10,7%, o de shoppings perde 10,1% e o de galpões logísticos cede 8,80%. Até o setor de recebíveis imobiliários, que tem uma pegada de renda fixa, cai no ano. Os fundos de ‘papel’ perdem 2,09%.
Para que as cotas dos fundos voltem a se valorizar, seria necessária uma redução significativa nos juros. Isso está longe de acontecer nos próximos meses. A queda generalizada do preço das cotas dos fundos imobiliários está embutindo um risco maior. O entendimento é de que os juros mais altos podem impactar as atividades das empresas de modo a frear o crescimento, tendo como consequência uma redução dos aluguéis, aumento da vacância e queda nos rendimentos dos fundos.
A perspectiva para a categoria não é otimista, mas destaca-se que os resultados operacionais dos principais segmentos de fundos imobiliários estão positivos, com queda na taxa de vacância e aumento dos preços dos aluguéis em algumas regiões.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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