Estudantes sem redes sociais dependiam do ano de publicação de um livro para acertar a resposta, mesma data do lançamento de uma obra norte-americana, que causou desespero, mas uma letra da música da conversa sobre o assunto mudou tudo.
🖥️O número de pessoas que abandonou as redes sociais nos últimos meses, optando por priorizar os estudos, foi um tópico em destaque nas perguntas do vestibular da FGV, aplicado na última quinta-feira (14) para estudantes que visam cursar administração, relações internacionais, direito e economia em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro.
Além disso, a pergunta sobre as redes de computadores também ficou famosa durante as provas, onde foram feitas referências a redes sociais, e o impacto que elas têm no mundo atual. Com uma gama de opções para se conectar e se expressar, as redes sociais são cada vez mais presentes na vida das pessoas, ao ponto de serem questionadas em provas vestibulares de instituições de renome como a FGV, que entende a importância de sua participação no mundo digital. Com o intuito de explorar as relações entre tecnologia e sociedade, a pergunta sobre redes de computadores também foi uma das mais discutidas durante a prova.
Conhecimento em redes sociais: um obstáculo para o exame da FGV
A pergunta sobre a publicação do livro ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’ em 1881 exige uma familiaridade com o contexto que viralizou nas redes sociais em maio do ano. Para os candidatos que não estão conectados, a única chance de acertar é ter conhecimento específico sobre o ano de publicação de um clássico da literatura brasileira. É preciso ser constantemente online para fazer a prova da FGV, protestou uma aluna no X. Outro jovem escreveu: ‘Zoado cobrar datas’. A universidade não se pronunciou até a última atualização desta reportagem.
Redes sociais e conhecimento literário
A questão traz um contexto conciso: menciona uma norte-americana que, após se desafiando a ler um livro de cada país do mundo, teve sucesso ao falar da obra que escolheu para representar o Brasil (descubra qual mais abaixo). A FGV não menciona o nome da pessoa no enunciado, mas é Courtney Henning Novak, escritora e podcaster americana, de 45 anos, que mostrou seu desespero apaixonado por um dos nossos clássicos. ‘Preciso ter uma conversa com o pessoal do Brasil. Por que não me avisaram antes que este é o melhor livro já escrito? O que vou fazer do resto da minha vida depois que terminá-lo?’, disse Novak, no vídeo que viralizou nas redes sociais.
Os candidatos que acompanharam essa história nas redes de computadores certamente levaram poucos segundos para acertar a resposta: alternativa ‘C’, ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, obra publicada pelo autor brasileiro Machado de Assis (1839-1908) em 1881. É preciso dizer que a repercussão do vídeo da norte-americana extrapolou as redes sociais – o livro passou a liderar o ranking de ‘mais vendidos’ de um grande site de compras, e diversos veículos de imprensa produziram reportagens sobre a ‘resenha viral’ (como o próprio g1 e o Jornal Nacional).
Um aluno que tenha acompanhado essas matérias, mesmo sem usar as redes sociais, poderia ter acertado. Mas não necessariamente foi o caso de quem passou o ano mergulhado nos livros e nas apostilas. ‘É uma pergunta que testa, na verdade, o quanto que o candidato está antenado com os acontecimentos importantes no país’, afirma Maurício Soares, professor de Literatura do Curso Anglo. ‘Dentro de atualidades, ela cabe. Como literatura, não. Ela sequer exige que o aluno saiba quem é Machado de Assis para entender por que o vídeo viralizou’.
Conhecimento cronológico
Outra ‘saída’ para quem não usou as redes sociais neste ano seria ter alguma noção de cronologia literária: entre Guimarães Rosa (1908-1967), Fernando Sabino (1923-2004), Machado de Assis (1839-1908), Euclides da Cunha (1866-1909) e Graciliano Ramos (1892-1953), os únicos que poderiam ter publicado uma obra em 1881 seriam o próprio Machado e Euclides da Cunha. Com um conhecimento mais aprofundado (e uma memória prodigiosa), o aluno poderia apostar mais fichas em Machado, já que da Cunha tinha apenas 15 anos em 1881. Não é uma ‘decoreba’ simples de se exigir de alguém que está prestes a ser formado.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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