ouça este conteúdo
Nova molécula brasileira, derivada do veneno de cascavel, revela ação promissora na saúde. Estudos confirmam seu potencial contra o câncer em congresso.
O empresário da saúde Moacyr Bighetti retornou recentemente do maior evento internacional dedicado ao combate ao câncer, a conferência anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco). Sua participação em Chicago foi marcada por trocas de experiências e novos conhecimentos sobre a luta contra o câncer.
Além de absorver informações valiosas sobre o tratamento de tumores e a evolução das pesquisas em células cancerígenas, Moacyr Bighetti aproveitou o evento para estreitar laços com renomados especialistas da área. Sua dedicação no combate a essa terrível doença é evidente em cada ação que realiza.
Avanços contra o câncer: a promissora medicação contra tumores sólidos
Sua principal missão é se reunir com representantes de grandes empresas farmacêuticas para detalhar uma inovadora terapia contra tumores sólidos, desenvolvida no Brasil. A trajetória dessa molécula, pertencente a uma nova classe de tratamentos, tem raízes nacionais. Tudo começou com a descoberta de que a crotoxina, proteína presente no veneno de uma cascavel brasileira, possuía propriedades antitumorais.
No entanto, a forma natural da substância é prejudicial ao organismo humano. Assim, os cientistas da startup PHP Biotech conseguiram sintetizá-la em laboratório, eliminando a necessidade de extrair o líquido da serpente, e isolaram a parte responsável por combater o câncer.
Durante os testes laboratoriais, a molécula revelou seu potencial contra o câncer de mama triplo-negativo, uma variante agressiva da doença com poucas opções terapêuticas disponíveis. A grande sacada dessa inovação é que, ao invés de destruir as células tumorais por necrose, um processo que desencadeia inflamação e efeitos colaterais intensos (como na quimioterapia), a droga em potencial induz as células cancerígenas a se autodestruírem, por meio da apoptose. Dessa forma, preserva as células saudáveis ao redor, mirando especificamente as responsáveis pelo problema.
O caminho para compreender e validar os benefícios de um medicamento não é simples nem permite atalhos. É necessário seguir um rigoroso protocolo científico. E, é claro, os obstáculos surgem. Um deles era desvendar minuciosamente como o peptídeo estimula a destruição do câncer. O segundo desafio era encontrar um meio preciso de direcioná-lo até as células tumorais.
Bighetti participou do congresso sobre os avanços contra o câncer para compartilhar as descobertas e progressos alcançados até o momento: a criação de um peptídeo ligado a um nanocorpo, com um mecanismo de ação surpreendente – capaz de reativar a proteína ‘guardiã das células’.
Durante os estudos para desenvolver o novo fármaco, Bighetti e sua equipe tiveram que retroceder para poder avançar. No entanto, essa imersão em experimentos, culturas celulares e tecnologia de ponta, com colaborações nos Estados Unidos, permitiu desvendar o mecanismo essencial da molécula. E a revelação foi surpreendente. ‘Descobrimos que nosso peptídeo ativa a p53, a proteína produzida pelo gene supressor de tumores. Nenhum tratamento aprovado atualmente no mundo possui essa ação seletiva’, revela Bighetti, presidente do conselho da PHP Biotech.
Em meio a essa jornada de descobertas, fica evidente a importância de avançar na área de saúde, especialmente no combate ao câncer, uma doença que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. O congresso sobre os avanços contra o câncer é um espaço crucial para compartilhar conhecimento e promover a inovação nesse campo tão desafiador.
Fonte: @ Veja Abril
Comentários sobre este artigo