Aumento de 25% no interesse por alimentos saudáveis e ecológicos impulsiona cozinha experimental com agricultura sustentável, técnicas de fermentação e seleção de ingredientes selvagens para eventos imersivos.
Hoje em dia, a prática de cultivo próprio de ingredientes se tornou uma tendência na alimentação gourmet, especialmente entre os chefs de restaurantes de luxo. Muitos deles estão investindo em terrenos de cultivo próprios para produzir ingredientes frescos e de alta qualidade para seus respectivos cardápios.
A abordagem alimentação sustentável, que inclui a criação de cozinha sustentável, está ganhando espaço em restaurantes modernos. Produtos locais e orgânicos são cada vez mais procurados pelos consumidores. Restaurante locais que apoiam a economia local e promovem a alimentação saudável estão se destacando pela qualidade dos ingredientes frescos e pela experiência única oferecida.
Alimentação Saudável e Sustentável: Uma Nova Era na Cozinha
No final da década de 1980, cozinheiros visionários, como Alice Waters, ativista e escritora americana, dona do emblemático Chez Panisse, em Berkeley, decidiram resgatar o frescor e a qualidade dos insumos ao trabalhar diretamente com produtores locais. Como expoente do movimento slow food, Alice influenciou gerações ao apregoar alimentação saudável e agricultura sustentável, tornando-se uma das 100 pessoas mais influentes do ano de 2014 pela revista Time. O caos climático e a valorização de hábitos saudáveis levaram a filosofia farm-to-table a ganhar uma roupagem ainda mais ecológica, conquistando seguidores em todo o planeta.
Dentro e fora das cozinhas, a alimentação saudável e sustentável tem sido o foco de muitos esforços. A recém-pública Pesquisa Internacional de Sustentabilidade Food Barometer 2024 revela que globalmente, 40% das pessoas se dizem engajadas com alimentação saudável e sustentável. A média brasileira é ainda mais alta, com 51% das pessoas se envolvendo nesse movimento. Essa pesquisa, realizada pela Sodexo em parceria com o Instituto Harris Interactive, foi baseada em 7,3 mil entrevistas em várias partes do mundo, incluindo a Índia, Estados Unidos, França, Reino Unido e Brasil.
Os chefs estão se destacando por sua abordagem inovadora e ecológica. Um exemplo disso é o premiado Mugaritz, do espanhol Andoni Luis Aduriz, na pequena cidade basca de Errenteria. Ele frequentemente trabalha com cientistas para extrair o máximo proveito dos produtos colhidos na horta da casa, usando técnicas de fermentação e desidratação, entre outras. O dinamarquês René Redzepi, do Noma, em Copenhague, é adepto do foraging, prática de coleta de ingredientes selvagens, como cogumelos, algas, frutas silvestres e ervas específicas, diretamente na natureza.
Em dezembro deste ano, ele encerrou as atividades do Noma como restaurante tradicional para transformá-lo em um laboratório de comida em tempo integral. Hoje, o restaurante, eleito cinco vezes o melhor do mundo, abre suas portas para eventos, oferecendo aos comensais uma experiência imersiva, com jardins, estufas e uma cozinha experimental integrada à paisagem. Redzepi também começou a promover projetos de pop-ups em diferentes lugares do mundo, como o que acabou de fazer no Ace Hotel Kyoto, no Japão, servindo um menu degustação único, inspirado nos ingredientes e na história culinária da região.
No Brasil, um dos pioneiros da onda farm-to-table foi o paulistano Amadeus, especializado em frutos do mar, recomendado pelo Michelin. No fim dos anos 1990, Tadeu Masano, sócio da casa, apostou no cultivo de ostras e mariscos em Florianópolis. ‘Quem prova percebe a diferença na hora. E esse frescor é o que nos torna especiais’, conta ele, em conversa com o Neofeed. O processo começa com ‘sementes’ minúsculas, fornecidas por laboratórios universitários. Um copo pode conter mais de 20 mil, com tamanho pequeno.
Fonte: @ NEO FEED
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