Pessimismo econômico contamina análises e perspectivas, relacionando aumento da taxa entre dívida pública e PIB, ajuste fiscal, dívida do Tesouro Nacional e despesas do governo.
Com o cenário econômico em constante evolução, a sociedade brasileira enfrenta um risco crescente de mudanças significativas nas condições financeiras, refletindo a percepção de aumento do risco fiscal. O aumento da taxa Selic pelo Banco Central em setembro é um claro indicador disto, como destacado pela maioria dos participantes do mercado financeiro.
Esse contexto de _risco_ fiscal se soma a outros fatores que acrescentam incertezas aos investimentos, tornando a situação ainda mais delicada. A deterioração das condições financeiras, que começou a ser notada nos últimos quatro meses, é um reflexo direto desse clima de insegurança. Além disso, a eficácia das medidas adotadas pelo governo para lidar com esses riscos ainda não é clara, o que persiste na percepção negativa dos investidores. A situação requer uma atenção especial para que se possa revertê-la. O aumento do risco fiscal é um fator que contribui para esse cenário desfavorável.
Risco de reajustes generalizados de preços ameaça a economia
A alta da taxa de juros, que hoje atinge 15%, causou um aumento significativo no risco de reajustes generalizados de preços, colocando o país em uma situação de alerta. Esse cenário é um dos principais fatores que levam ao risco de descontrole da inflação, tornando essencial um ajuste fiscal para evitar o agravamento da situação. O governo precisa tomar medidas para aumentar a arrecadação ou reduzir as despesas para enfrentar o custo mais elevado de financiar a dívida pública, o que é um dos principais riscos que o país enfrenta atualmente. Essa é uma questão delicada, pois o ajuste fiscal precisa ser feito de forma a não derrubar exageradamente o crescimento econômico.
Uma relação muito preocupante entre dívida pública e PIB é um dos principais problemas que o país enfrenta. A relação entre a dívida pública e o PIB é um indicador muito acompanhado pelo mercado financeiro e é essencial que o governo faça um ajuste fiscal que possa compensar os juros mais elevados sem derrubar o crescimento da economia, mantendo a relação estável. Caso contrário, a relação entre a dívida do governo e o PIB não se estabiliza e pode levar a sérios problemas financeiros. Nesse sentido, o ajuste fiscal precisa ser feito com sabedoria para não comprometer o crescimento econômico.
O governo brasileiro hesitou, mas acabou propondo e aprovando um ajuste fiscal que resultará em uma certa economia de gastos ao longo do tempo, o que pode ajudar a reduzir o risco de reajustes generalizados de preços. No entanto, as críticas a essas propostas têm sido muitas. Uma crítica é de que os cortes foram muito tímidos. O ajuste que seria necessário deveria eliminar a correção do salário mínimo acima da inflação, desvincular as aposentadorias do valor da remuneração dos trabalhadores na ativa e reduzir o ritmo de crescimento dos demais benefícios sociais. Outra crítica é que a comunicação do pacote fiscal não foi eficaz. O governo não deveria ter misturado o anúncio das medidas de ajuste com a proposta de um pacto redistributivo, em que os mais ricos pagariam mais impostos e quem ganha menos teria maior isenção do imposto de renda.
Desde setembro o dólar subiu 9% em relação ao real e a taxa de juros de mercado para o ano fechado de 2025 aumentou para mais de 15%. A projeção para a inflação 12 meses à frente subiu 1,1 ponto percentual, ficando em 4,9%, acima do teto da meta de inflação para os próximos anos. Para piorar, o Banco Central já indicou que pretende fazer mais dois ajustes de um ponto percentual da taxa Selic nos encontros dos meses de janeiro e março. Isso sem contar as intervenções no mercado de câmbio, que tiveram resultado ainda incerto. O temor agora é que o começo de 2025 seja marcado por uma série de reajustes de preços que irão elevar os índices de inflação. A indicação dos aumentos é liderada pelas empresas do setor de varejo.
Esse ambiente de incerteza pode levar a uma série de sentimentos negativos, como o arrependimento por não ter mandado dinheiro para o exterior quando o dólar estava numa cotação mais baixa. Hoje em dia é relativamente simples investir em moeda estrangeira. É possível aplicar nos produtos financeiros locais vinculados à variação de ativos financeiros cotados no exterior, abrir contas em corretoras internacionais ou mesmo ter uma conta virtual em moeda.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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