Hugo Martins é técnico do Omonoia Aradippou, do Chipre, com experiência em intercâmbio de jogadores e instalações do clube, também tendo trabalhado com treinadores portugueses e brasileiros em jogos da base.
O técnico Hugo Martins, que atualmente comanda o Omonoia Aradippou, do Chipre, compartilhou uma experiência relevante no meio do ano. Ele aproveitou férias para participar de um intercâmbio de 22 dias no EC São Bernardo, time da região metropolitana de São Paulo.
Na Série A3 do Paulistão, o técnico português se deparou com desafios e oportunidades para aplicar suas habilidades técnicas em um contexto distinto. Em uma entrevista, o treinador destacou a importância de estar em contato com novas abordagens e técnicas, o que contribui para o desenvolvimento profissional. Além disso, ele também aproveitou a oportunidade de conhecer melhor o estilo de jogo do Cruzeiro, equipe de primeiro escalão do futebol brasileiro. Com uma visão amplos, o treinador também reconheceu a importância do trabalho de base em clubes como o EC São Bernardo, que tem uma forte presença no mundo do futebol paulista. No entanto, ele também ressaltou a necessidade de aplicar essas habilidades em um contexto mais competitivo, como é o caso do futebol profissional.
Uma Viagem ao Coração do Futebol Brasileiro
O treinador de 46 anos, que havia se deslocado para São Bernardo, conheceu as instalações do clube, assistiu a jogos de futebol brasileiro, treinos e deixou ideias para a equipe que disputaria a Série A3 do Paulistão em 2025. Martins, um futebolista apaixonado, manifestou sua admiração pelo trabalho de Fernando Diniz, o treinador do Cruzeiro, e teve a oportunidade de conversar com compatriotas que, naquele momento, estavam trabalhando em solo brasileiro: Petit, António Oliveira e Pedro Caixinha. Foi sua primeira vez no Brasil e ele não se conteve ao expressar sua alegria: ‘É quase um crime alguém que ama tanto o futebol não ir ao maior viveiro do mundo. Tinha muita vontade’, afirmou em entrevista ao ESPN.com.br.
Quando o convite surgiu, o treinador não hesitou. ‘Não tinha como recusar’, disse. Seu objetivo era mergulhar na realidade do futebol brasileiro e, claro, aprender de volta. ‘A ideia era aprofundar o conhecimento. Além do futebol profissional, vimos jogos da base, para ter uma perspectiva mais aprofundada do que é o futebol. Até porque, como sabem, em Portugal temos muitos jogadores brasileiros, já trabalhei com vários. Assim, é muito mais fácil perceber algumas dificuldades que o jogador possa ter na adaptação ao futebol europeu, porque há muitas diferenças’, explicou.
Martins compartilhou suas ideias, pois começou na base e isso influenciou a forma como ele olha hoje para o jogador. Deixou essas informações para que os outros pudessem usá-las da melhor maneira possível e tivessem bons desempenhos. ‘Os resultados às vezes não são meramente esportivos, são quantos jogadores são promovidos, quantos jogadores da base chegam ao profissional, quantos valorizam para que possam competir nos melhores clubes brasileiros. Penso que muito dessa preparação tem a ver com dia de treino’, continuou.
‘Todo conhecimento de uma nova realidade é sempre um aprendizado. Tudo que vivenciei em termos de treino, jogo e conhecimento foi muito enriquecedor. Existem várias formas de trabalhar. Alguns treinadores fazem sucesso, outros, não, mas acabamos por deixar alguma coisa nos jogadores e trazemos sempre muito aprendizado. O enorme talento que existe no Brasil faz com que o treinador saia mais rico, porque essa questão do improviso, criatividade, muitas vezes falta na Europa’, concluiu Martins.
O treinador, além do aprendizado, levou uma reflexão do que viu no país. Ter passado pelo período em um time que não está na elite foi importante para pensar o esporte além das quatro linhas. ‘O Brasil está cheio de talentos. De alguma forma o que nos intriga é por que se perde tanto talento. Vivenciando um pouco aquilo que é cultura, as dificuldades dos clubes, não só dos principais, vi algumas experiências. Há algumas lacunas, alguns clubes que faltam estrutura física, humana, financeira. É um dos motivos pelos quais alguns talentos vão perdendo, outros têm a ver com questões culturais, a sociedade, desigualdades sociais’, refletiu.
‘O meio onde o jogador nasce, para alguns, é fonte de inspiração e força; para outros, leva para outros caminhos, e assim se vão perdendo alguns talentos. Mas foi interessante de ver que existe qualidade. Tive o prazer de estar com Petit, Pedro Caixinha, outros que o Brasil tem. Eles nos fazem questionar, pensar, porque o nosso ecossistema pode ser um pouco complicado’, concluiu.
Fonte: @ ESPN
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