É hora de equilibrar regulamentações com realidade, visão e urgência, para que tecnologia, fintechs, big techs, ecossistema de venture capital e mercado se movam.
A cena financeira brasileira está cada vez mais focada na regulação, o que significa que as instituições financeiras estão mais atentas a regras e regulamentos para atender às expectativas dos clientes. A regulamentação é um elemento crucial para o crescimento sustentável do setor. É fundamental que as empresas estejam cientes das mudanças nas regras e regulamentos para evitar problemas futuros.
A participação no Money 20/20 me permitiu perceber a grande diferença no controle e supervisão exercidos sobre as instituições financeiras no Brasil em relação aos Estados Unidos. O regulamento e as regras vigentes nos Estados Unidos são mais flexíveis, o que permite que as empresas sejam mais inovadoras e criativas nos seus produtos e serviços. No entanto, é crucial que as empresas brasileiras também busquem inovar e encontrar formas de atender às necessidades dos clientes de maneira ética.
Regulação em Ritmo de Tecnologia
Em um cenário dinâmico, como o dos Estados Unidos, a tecnologia avança rapidamente, impulsionada pelo ecossistema de venture capital e talentos de fintechs e big techs, enquanto a regulação tende a surgir posteriormente. Essa abordagem permite que o mercado se ajuste e evolua antes de ser regulado, trazendo inovação e novas soluções. No entanto, essa abordagem pode levar a lacunas que impactam consumidores e instituições, e introduzem riscos ao sistema.
Um Modelo de Regulação Mais Preenchente
No Brasil, a regulação frequentemente precede o desenvolvimento e adoção tecnológica. Isso ocorre porque temos um sistema financeiro muito mais concentrado e menos competitivo, e o regulador fez e faz um trabalho importante de ser o vetor que induz a inovação e consequentemente fomenta a competição no mercado. Essa antecipação da regulação à tecnologia cria um sistema mais centralizado e de certa forma mais planejado. Embora tenha seus muitos méritos, muitas vezes a realidade da implementação tecnológica não acompanha o ritmo imposto pelas normas.
Um Equilíbrio entre Visão e Realidade
Talvez seja o momento de racionalizarmos as nossas demandas regulatórias, achando um equilíbrio entre visão, demanda e realidade, sem perder o senso de urgência necessário para o mercado se mexer. Precisamos olhar para a regulação sob o prisma de produto e tecnologia, iterando e executando passo a passo o que realmente entrega valor para os consumidores. É fundamental fazer o básico bem feito e deixar espaço para a flexibilidade, permitindo que o mercado se adapte conforme as demandas surjam.
Um Sistema Financeiro Robusto e Flexível
Migrar para um mundo em que a regulação dialogue mais com a realidade da execução é essencial para construirmos um sistema financeiro robusto e flexível para as próximas gerações. Ao alinhar regulação e execução (tecnologia + produto), podemos entregar muito valor no processo, mantendo o Brasil na vanguarda das transformações globais no setor financeiro. Chegou a hora de termos essa discussão. Somente assim poderemos criar um ambiente propício para a inovação perene, garantindo que o país esteja preparado para os desafios e oportunidades que se apresentam no horizonte financeiro mundial.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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