Professora australiana Hannah Grundy rastreia homem que criou deepfake pornô com fotos dela em página da web, compartilhando descrição detalhada de perseguição na internet e uso de contas privadas.
Autoridade tenta proibir site pornô após denúncias de conteúdo adulto envolvendo menores .
O site pornô ‘YouPorn’ enfrenta ameaças de censura na Austrália após a polícia denunciar ao governo um conteúdo adulto envolvendo menores de idade. A denúncia foi feita em 2021, e desde então, a Autoridade Australiana de Concorrência (ACCC) busca proibir o site pornô, que é uma das maiores plataformas pornô do mundo. A ACCC argumenta que o site pornô viola as leis australianas de proteção ao menor e que suas práticas são ‘ilegais’ e ‘ineficientes’.
Um emprego promissor na mira de um golpe
Em 2019, Hannah, uma jovem de 35 anos, recebeu um e-mail suspeito com um link e um aviso em negrito: ‘Contém pornô perturbador’. Ela hesitou inicialmente, pensando que pudesse ser um golpe, mas a realidade era muito mais alarmante. O link levou-a a páginas e mais páginas de pornografia falsa, que retratavam sua imagem, junto com fantasias detalhadas de estupro e ameaças violentas contra ela. ‘Você está amarrada’, lembra-se Hannah, ao relatar um trecho da descrição, que a deixou com lágrimas nos olhos e a sensação de estar em uma gaiola. Algumas das imagens traziam seu nome completo e o nome do seu parceiro, Kris Ventura, de 33 anos, assim como o bairro onde ela morava. Além disso, o usuário do Instagram dela foi publicado, junto com o número de telefone.
O início de uma saga
Essa mensagem inusitada marcou o início de uma saga que Hannah compara a um filme de suspense. Ela precisou se tornar sua própria detetive para descobrir a traição de alguém próximo. O caso mudou a vida de Hannah, influenciando até mesmo a legislação australiana.
A página da web: A Destruição de Hannah
A página na web, chamada de A Destruição de Hannah, era um local onde centenas de pessoas votavam em uma enquete sobre as maneiras cruéis de abusar de Hannah. Abaixo, havia uma sequência de mais de 600 fotos com seu rosto. As imagens continham ameaças assustadoras. ‘Estou me aproximando dessa vagabunda’, dizia o pôster principal. ‘Quero me esconder na casa dela e esperar até que ela esteja sozinha, agarrá-la por trás e sentir as tentativas de luta dela.’
Deepfakes e perseguição na internet
O episódio ocorreu há três anos, mas as imagens nas fotos e as palavras assustadoras permanecem vivas na memória de Hannah. Ela lembra o ‘puro choque’ que sentiu quando ela e Kris abriram a página pela primeira vez. Ao acessar o site, Kris também encontrou fotos de amigas próximas de Hannah, além de pelo menos outras 60 mulheres, muitas da cidade de Sydney. O responsável pelo site utilizou deepfakes, criadas a partir das contas privadas das redes sociais dessas mulheres.
Construindo um dossiê
Desesperados para descobrir quem estava por trás das ameaças, Hannah e Kris passaram horas na mesa da cozinha, identificaram as mulheres, pesquisaram as listas de amigos em comum e construíram evidências. Em quatro horas, eles consolidaram uma lista com três suspeitos em potencial. O primeiro, inicialmente descartado, era Andrew Hayler, um amigo próximo da universidade. Os três se conheciam enquanto trabalhavam em um bar e formaram amizades profundas.
Fonte: © G1 – Tecnologia
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