Dorival pode levar a Seleção a algum lugar? Ou algum treinador brasileiro? Problemas estruturais exigem reformas demoradas e trabalhos consistentes para formar equipes equilibradas no calendário esportivo.
É importante ressaltar que Dorival Júnior é um treinador experiente e respeitado no futebol brasileiro. Ele tem um histórico de sucesso em montar equipes equilibradas e consistentes, o que é fundamental para qualquer time que busca conquistar títulos. No entanto, é natural questionar se ele tem o perfil necessário para levar a Seleção Brasileira a um nível de excelência.
Considerando a atual situação do futebol brasileiro, é difícil imaginar qualquer treinador nacional levando a Seleção a um título importante. Mesmo um técnico experiente como Dorival Júnior pode enfrentar dificuldades em lidar com a pressão e as expectativas que cercam a Seleção. Além disso, a falta de um comandante carismático e capaz de inspirar a equipe pode ser um obstáculo significativo. É hora de questionar se um treinador estrangeiro poderia ser a solução para o problema, ou se é possível encontrar um treinador nacional que possa liderar a Seleção ao sucesso. A busca por um treinador que possa inspirar a Seleção é um desafio constante.
O Treinador Ideal para o Brasil
Um bom treinador não é suficiente para comandar o Brasil. O posto exige mais do que qualidade, exige excepcionalidade. É por isso que a Seleção precisa de um comandante estrangeiro: porque, no momento atual, não há nenhum treinador brasileiro que atenda a esses padrões. A questão não é exatamente Dorival, mas sim o momento do futebol brasileiro.
Vejo dois nomes que se destacam dos demais: Tite e Fernando Diniz. Curiosamente, são os dois últimos treinadores da Seleção (desconsiderada a passagem de Ramon Menezes). O primeiro fez um trabalho longo e consistente, montou uma equipe equilibrada e teve resultados animadores – até ser eliminado nas quartas de final em duas Copas do Mundo seguidas, caindo para Bélgica em 2018 e Croácia em 2022. O segundo foi demitido pela CBF após um começo com resultados muito ruins.
Problemas Estruturais no Futebol Brasileiro
Os problemas da seleção brasileira, expostos novamente na derrota de 1 a 0 para o Paraguai, são muito anteriores à escolha do treinador. Eles começam na CBF, passam pelo calendário esportivo e desembocam na precocidade com que talentos migram para o exterior – enquanto clubes brasileiros, agora de bolsos cheios, começam a trazer promessas mundiais para cá (casos, por exemplo, de Carlos Alcaraz no Flamengo ou de Thiago Almada no Botafogo). São problemas estruturais, que exigem reformas demoradas e trabalhos consistentes.
Reformas demoradas dão um trabalho danado – o futebol brasileiro não é lá muito bom nisso de ser paciente. Então o que resta de esperança? Algum treinador excepcional, uma figura que nos chacoalhe, que bagunce nosso tabuleiro, que nos tire dessa mesmice. Mas quem? Aí cabem algumas perguntas. Por que os três primeiros colocados no Brasileirão são treinados por estrangeiros? Por que os dois melhores trabalhos desenvolvidos no Brasil nos últimos anos (Abel Ferreira no Palmeiras e Juan Pablo Vojvoda no Fortaleza) foram feitos por dois estrangeiros? Por que o time mais envolvente que vimos jogar por aqui em um passado recente, o Flamengo de Jorge Jesus, tinha um treinador estrangeiro? Por que não há nenhum técnico brasileiro em uma posição de destaque na Europa?
A Busca por um Treinador Excepcional
Da mesma forma que não pretende ser um ataque a Dorival, este texto não quer demonizar os técnicos brasileiros. Nacionalidade não exclui, tampouco garante, qualidade. A questão é o momento. Se Tite já passou, se Diniz já passou, se não é Dorival, então quem? Antes do jogo contra o Paraguai, Dorival deu uma declaração curiosa: garantiu que o Brasil estará na final da Copa do Mundo. Foi uma colocação infeliz, descolada de uma triste realidade: que o Brasil caminha na direção contrária, para longe da primeira prateleira do futebol mundial.
Fonte: © GE – Globo Esportes
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