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País em confronto após eleições, com centralização de poder e democracias liberais representativas em crise.
A instabilidade política na Venezuela desde o início do processo bolivariano – quando o ex-presidente Hugo Chávez assume o poder em 1999 – é fruto do embate entre dois projetos que confrontam grupos políticos opostos, evidenciando a complexidade da situação no país caribenho.
O país sul-americano da Venezuela enfrenta desafios significativos decorrentes da polarização política que permeia a nação, impactando diretamente a vida dos cidadãos venezuelanos. A situação na Venezuela reflete a tensão presente em muitos países da América Latina, demonstrando a urgência de soluções eficazes para promover a estabilidade na região.
Venezuela: Um País Sul-Americano em Confronto de Projetos
Essa é a análise da professora Carla Ferreira, do departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que desenvolveu sua pesquisa de doutorado sobre a classe trabalhadora no processo bolivariano da Venezuela, tendo realizado seis visitas ao país entre 2002 e 2013, período no qual pôde dialogar com lideranças chavistas, do governo e de movimentos populares. Para ela, a Venezuela não se enquadra em uma ditadura, mas sim em um sistema político distinto das democracias liberais representativas que são referência no Ocidente. Além disso, destaca que a direita radical venezuelana é mais agressiva do que a brasileira e que a dinâmica de polarização interna e a interferência de potências estrangeiras – principalmente dos Estados Unidos – resultaram em uma centralização de poder e burocratização do governo.
Carla Ferreira também aborda o papel das Forças Armadas e expressa grande preocupação com o reconhecimento pelos EUA de uma suposta vitória do candidato opositor Edmundo Gonzalez, o que indicaria uma inclinação para intervir na Venezuela, com potencial de desestabilização em toda a América Latina.
O Processo Bolivariano na Venezuela e a Confrontação de Projetos
Agência Brasil: Quais são as raízes da polarização política na Venezuela?
Carla Ferreira: O embate tem origem no colapso do capitalismo petroleiro rentista venezuelano, que teve início nos anos 70. Essa crise foi intensa e gerou graves consequências sociais, como a revolta popular de 1989, conhecida como Sacudón ou Caracazo. A crise deu origem a um movimento bolivariano popular de massa, com a população mais empobrecida do país como principal base, em conjunto com uma ala reformista das Forças Armadas, de onde emergiu a liderança de Hugo Chávez. Esse movimento buscou uma solução institucional para a crise, construindo um projeto político que visava resolver as questões sociais do país através da redistribuição da riqueza petrolífera, majoritariamente controlada por empresas estrangeiras, principalmente dos EUA. A partir disso, surgiu o confronto entre o projeto bolivariano popular de massa e os interesses norte-americanos na região. No entanto, não são apenas interesses externos em jogo. Os interesses dos EUA se entrelaçam com a antiga elite burocrática do petróleo, que controlava a PDVSA, além dos setores de importação e exportação de produtos industriais, que formam a base da oposição venezuelana. Assim, esses dois projetos antagônicos são a raiz da crescente polarização política na Venezuela.
Agência Brasil: Por que esses conflitos não são resolvidos de forma pacífica, considerando os golpes de 2002, o lockout petroleiro em 2002 e 2003, e as insurreições de 2014 e 2017?
Carla Ferreira: É importante lembrar que os métodos da extrema-direita são semelhantes em todo o mundo. No Brasil, temos o bolsonarismo como exemplo. Na Venezuela, a situação é bastante
Fonte: @ Agencia Brasil
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